quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Salada de Tomates Cereja

Quando fui cortar manjericão para a salada dei com dois visitantes verdes a depenicar as suas folhas... Não faço ideia há quanto tempo andavam por ali, mas desconfio que fizeram uma longa viagem desde as Caldas da Rainha, com direito a dias de férias em São Martinho do Porto. Entretanto fizeram as malas para a varanda, a ver se lhes dá o vento e seguem para outras paragens.
Esta salada tem sido um hit deste Verão. Temo-la feito com frequência, tanto para acompanhar peixe como carne.

- tomates cereja
- manjericão fresco
- azeite de piri-piri
- sumo de limão
- sal

Numa taça coloca os tomates cortados em metades ou em quartos. Junta as folhas de manjericão grosseiramente picadas. Tempera com um fio de azeite, sumo de limão e sal.

domingo, 28 de agosto de 2011

Bifes com Cogumelos

Num dia frio de Inverno, estava eu de cama depois de uma ida à serra da Estrela, chegou a casa dos meus pais um novo "inquilino", o Lucky. Era um husky novinho e vinha só por uns tempos, até os donos terminarem as obras da casa. Acabou por ficar connosco muitos e bons anos, tornando-se um membro da família. Na brincadeira dizíamos que era o filho predilecto dos meus pais, visto que era macho (o sonho do meu pai) e o único com olhos azuis (o grande desgosto da minha mãe). Hoje foi o dia em que nos deixou.

Fez-nos companhia durante muitos anos, cheios de alegrias e também preenchidos com algumas tristezas. Ontem, enquanto preparavamos os bifes com cogumelos (Ingrediente Secreto), a sua chama começava a apagar-se...

Para 4 pessoas
- 4 bifes finos
- 150 g de cogumelos paris
- 150 g de cogumelos portobello pequenos
- 1 c. sopa de manteiga
- 3 hastes de tomilho
- 1 copo de vinho do Porto
- azeite
- sal

1. Corta os cogumelos em quartos ou lâminas. Reserva.

2. Aquece um fio de azeite numa frigideira. Quando estiver bem quente coloca os bifes. Deixa fritar cerca de 30 segundos de cada lado. Retira os bifes para uma travessa, tempera com sal e reserva.

3. Junta os cogumelos no azeite dos bifes e deixa cozinhar. Junta as hastes de tomilho e tempera com sal. Quando os cogumelos estiverem quase prontos adiciona o vinho do Porto e a manteiga. Retira os cogumelos do lume e coloca-os por cima dos bifes.

4. Acompanha com batatas fritas ou abóbora assada.

sábado, 27 de agosto de 2011

Abóbora Assada

Esta semana andei a "cravar" almoço e lanche à minha queridíssima mãe que, ao contrário das filhas, ainda está de férias. Foi uma bela semana a recordar outros tempos... Lembrei-me do tempo em que fazia o almoço para mim e para a minha irmã mais nova, quando ainda andávamos as duas a estudar e também reencontrei a minha saca de pano cor-de-rosa aos quadradinhos onde costumava levar o meu pão com tulicreme para a escola quando era miúda e que agora passou a ir comigo para o trabalho. Ainda perguntei pela minha lanjeira cor-de-laranja da tupperware para um verdadeiro revival, mas ao que parece essa já foi para o lixo há muitos muitos anos. 

Para lhe agradecer o trabalho todo hoje fiz o almoço lá em casa. Fiz bifes com cogumelos. Para mim e para a minha mãe fiz esta maravilhosa abóbora assada para acompanhar. Costumamos fazer abóbora assada para o risotto de abóbora e frango, mas desta vez dé-mos-lhe "aquele" toque com o tomilho-laranja que a minha mãe nos trouxe da praça das Caldas da Rainha. Nunca pensei que ficasse tão deliciosa. Tem um sabor fresco e a abóbora derrete-se por completo na boca...

Para 2 pessoas
- 300 g de abóbora, sem sementes (mantém a casca) e cortada em fatias
- 1 c. de sobremesa de alho em pó
- 4 hastes de tomilho-laranja, usar só as folhas
- azeite
- sal

1. Pré-aquece o forno a 190ºC.

2. No tabuleiro do forno estende uma folha de papel vegetal. Distribui as fatias de abóbora pelo tabuleiro. Polvilha a abóbora com o alho em pó, o sal, as folhas de tomilho-laranja e rega com azeite. Leva a abóbora ao forno até estarem douradas (mais ou menos 20 minutos).

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Robalo Assado com Manjericão e Hortelã

Este ano Agosto não está para praia, mas pelo menos tem dado para a pesca! De ano para ano este é o mês para o Miguel ir à procura dos robalos. Para ele só o robalo pescado à linha é que é bom, por isso se quero comer robalo em casa esta é a altura, já que é muito difícil convencê-lo a comprar robalo. Entendo que pescado à linha o robalo é consumido muito mais fresco, já que não leva gelo e também não anda aos trambolhões dentro duma rede, mas não sou tão fundamentalista quanto ele. É uma luta da qual saio sempre perdedora quando me apetece robalo fora da época. Assim tenho de aproveitar enquanto ele anda aqui pelas nossas águas.
Há muitas maneiras de comer este peixe, mas o melhor é mantê-lo simples. Nós gostamos dele grelhado na brasa e acompanhado por batatas ou uma salada. Mas, mais uma vez, quis aproveitar esta maré de abundância e de sorte do Miguel para experimentar outra receita. 
Desta vez inspirámos-nos numa receita da Mafalda Pinto Leite do livro "Dias com Mafalda".
Para 4 pessoas
- 2 robalos médios
- 2 limões, em rodelas
- 1 mão-cheia de folhas de manjericão
- 8 ramos de hortelã
- 6 dentes de alho laminados
- sal
- 1 copo de vinho branco
- 2 c. sopa de azeite
- papel vegetal

1. Aquece o forno a 180ºC. Por cima de uma travessa de ir ao forno coloca uma folha de papel vegetal.

2. Por cima da folha dispõe metade do limão, do alho, da hortelã e do manjericão. Coloca o peixe por cima desta cama aromática. Tempera com sal. Cobre o peixe com o restante manjericão, hortelã, alho e limão. Polvilha com mais sal. Rega com o vinho e o azeite. Embrulha bem com o papel.

3. Leva ao forno durante 30 minutos, abre o embrulho com cuidado e deixa dourar por uns minutos ou até estar cozinhado. Serve acompanhado de uma salada.

Nota: Se quiseres obter um aroma mais intenso coloca as ervas aromáticas na barriga do robalo.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

São Martinho do Porto

Gosto de chegar a São Martinho do Porto de comboio. Não é a forma mais cómoda, nem mesmo a mais chique, mas é de longe a mais interessante. É tão bom poder olhar pela janela e ver as praias de arroz, enquanto vais ouvindo as famílias a tomar conta das carruagens. Mais os seus farnéis, os sacos dos brinquedos e os gritos das crianças. Todos preparadíssimos para um dia de praia no "bidé das marquesas".
Quando aqui passei as minhas primeiras férias não morri de amores pela vila. Achei que eram lisboetas a mais. Muito colégio privado, mas pouca educação. Muitos nomes sonantes, mas também muitas vidas de aparências. Lembro-me de as pessoas olharem para mim e para a minha irmã como se fossemos de outro planeta. Vinhamos do Norte, trocávamos o "v" pelo "b" e tratavamo-nos por "tu", coisa pouco conhecida nestas bandas, onde até o cão e o gato são tratados por "você". Enfim, betinhos de Lisboa... Só que como diz o poeta "primeiro estranha-se, depois entranha-se". Agora é raro o ano que não damos um salto a São Martinho, onde recordo com saudade aqueles dias de Verão.
Para um regresso ao passado o frenesim do 15 de Agosto é o ideal. Posso estar anos sem aqui vir, mas sei que quando regressar vai estar tudo igual. Vou ver os mesmos meninos burgueses, com as mesmas camisolas pelos ombros, a mesma calcinha beje, o mesmo sapato de vela e exactamente o mesmo penteado. Não sei se ainda se mudam para aqui de armas, bagagens e criadagem, mas sei que em São Martinho Agosto não muda, apesar da passagem dos anos. De manhã desce-se à baía, o final da tarde é passado numa das esplanadas da marginal a beber um fino, depois de jantar desce-se a ladeira até à Rua dos Cafés e quando a fome aperta vai de crise (salsicha, ovo estrelado e batatas fritas).
Dito assim até parece que é um sítio desagradável, mas não é! Não foi à toa que as antigas famílias abastadas de Lisboa construíram aqui os seus palacetes de Verão. Além disso, a par destes palacetes e da baía, a imutabilidade dá-lhe um certo charme. Adoro São Martinho! Até gosto dos dias de Verão enublados e de ouvir os miúdos de quatro anos a tratarem-se por você. E gosto também dos rituais que fomos criando com o passar dos anos.
Não podemos ir a São Martinho sem parar na Casa do Pão de Ló de Alfeizerão.  Mesmo antes da entrada da A8 é a paragem ideal para um café ou um lanche antes de regressarmos a Aveiro. Se formos com os meus pais sei que quando acordar vão estar à nossa espera pães de leite fresquinhos, trazidos do mercado pelo meu pai. E, por falar em mercado, havendo tempo aproveitamos para ir à Praça da Fruta (Caldas da Rainha) para nos abastecermos de fruta e legumes.
Também é certo que vamos à Pastelaria Concha, uma pequena maravilha em bolos perto da igreja matriz. Aqui reina quase sempre a confusão (tens de tirar senha para seres atendido), principalmente ao domingo, antes e depois da hora da missa ou ao fim da tarde quando chega a hora de muitos regressarem a casa. Com ou sem confusão esta é uma paragem obrigatória para comer uma trança e trazer argolas (podes precisar de encomendar), miniaturas de palmiers, bolachas e areias para acompanhar um chá. Igualmente imperdível é o russo, a torta de chocolate e os palmiers recheados com creme de manteiga fresca, iguaizinhos aos que comia no ciclo e que me levam numa verdadeira viagem ao passado! Difícil é escolher o que comer...
Se procuras descanso e boa gastronomia São Martinho do Porto é um excelente destino de férias ou de fim-de-semana, mas se andas atrás de água e tempo quentes, então o microclima de São Martinho não é para ti, já que é aqui que o Inverno vem passar férias, com ou sem criados.

domingo, 7 de agosto de 2011

Robalo ao Vapor com Baunilha e Kumquat


O bom de se viver numa cidade perto do mar é conseguirmos com facilidade peixe fresco, seja comprado num dos mercados de peixe (Aveiro ou Costa Nova), trazido do mar pelo meu pai ou pescado à linha pelo Miguel. Não há nada que se compare à qualidade do peixe mesmo fresquinho, quando numa só garfada conseguimos sentir todo o sabor do mar. Como o meu pai é embarcado, habituei-me desde cedo ao encanto  deste pequeno prazer. Se à 6ª feira ligo à minha mãe a perguntar o que é o jantar, responde-me sempre: "Depende do que o vosso pai trouxer...". Lá no fundo rezo para que ele traga carapauzinho pescado no dia e que a minha mãe tenha vontade de o fritar... O Miguel, mesmo não tendo um pai que ande ao mar, também está acostumado ao sabor fresco do peixe. Toda a família pratica pesca desportiva e sabem bem como conseguir as maravilhas que o mar e a ria têm para oferecer.
Esta é a altura de o mar dar robalos e ontem à noite o Miguel e o irmão foram ver se apanhavam algum. A pesca não correu tão bem como tinham planeado, mas ainda assim deu para ele trazer um robalo para o nosso jantar. O Miguel queria escalá-lo para depois o grelhar, mas a mim apetecia-me algo diferente. Sugeri uma receita do Jamie Oliver que tinha guardada há mais de quatro anos. Um prato delicado e sofisticado de robalo cozido ao vapor, perfeito para supreender alguém especial. Substituímos o limão por kumquat de Sever do Vouga e o alho francês por espargos. Também reduzimos a quantidade de baunilha e achamos melhor cozer as cenouras juntamente com as batatas. No final obtens uma refeição saudável, com um robalo muito suculento e ligeiramente adocicado pela baunilha.

Para 2 pessoas
- 2 filetes de robalo
- 1/2 vagem de baunilha
- sumo e casca de 4 kumquats
- 1 c. sopa de azeite
- 500 ml de leite
- 8 espargos
- 2 cenouras, cortadas em palitos
- 6 batatas novas pequenas
- sal

1. Faz uns cortes nos filetes de robalo. Retira as sementes da vagem de baunilha e coloca tanto as sementes como a vagem num prato, com o sumo e a casca dos kumquats e o azeite. Com um garfo mistura bem as sementes de baunilha no líquido. Coloca o peixe no prato e cobre bem os filetes com esta marinada.

2. Coze as batatas e a cenoura em água a ferver com sal. Quando estiverem quase cozidas escorre a água. Mistura com os espargos e uma pitada de sal.

3. Num tacho coloca o leite com a vagem de baunilha em lume brando e por cima do tacho a panela de bambu. No primeiro andar da panela coloca a mistura de vegetais e no segundo andar os filetes de robalo, com a pele virada para cima. Abre os cortes feitos na pele do robalo e despeja por cima o molho da marinada (sem a casca de kumquat). Coloca a tampa e deixa cozinhar no vapor do leite durante 15 minutos.