quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Inverno em Veneza

Sou uma apaixonada por Itália e desde a lua-de-mel que a vontade de voltar a Veneza era muita. Desejava percorrer as suas ruas estreitas e que não se sabe bem onde vão dar, descansar nas numerosas praças, espreitar os pátios e observar os estendais virados para os canais nas zonas menos turísticas. E ansiava sobretudo pelo cair da noite, quando as ruas ficam desertas e Veneza é só nossa.
O regresso foi feito com a minha irmã J. para ela ir visitar a sua amiga I. (obrigada pela companhia e pela estadia) e porem a conversa em dia. Partimos do Porto com pouco mais do que uma mochila e a máquina fotográfica. Além das fotografias trouxemos connosco o cansaço de uma visita relâmpago e a promessa, feita numa Piazza San Marco vazia, de um dia voltar com mais tempo. Quando isso acontecer quero andar sem pressas no Mercado do Rialto, perder-me por um dia na zona leste do sestiere de Dorsoduro e quem sabe andar de gôndola...
Para a minha irmã viajar significa lojas e recuerdos, mas para mim significa passear tranquilamente pelas ruas, parar numa esplanada para uma bebida, passear pelas praças, descansar num jardim, andar pelos mercados e comer gelados. E nenhum sítio é melhor para isso do que Itália, pena termos descoberto que em Veneza a maioria das gelatarias artesanais está fechada entre o dia de Reis e o Carnaval. Foi este facto que nos levou ao Dorsoduro, um dos lugares mais genuínos de Veneza.
Depois duma refeição desastrosa num restaurante gerido por chineses, mas disfarçado de trattoria tradicional, tudo o que eu queria era um bom gelado. Estávamos no sestiere de Santa Croce e a gelataria Alaska ficava perto, só que quando lá chegámos estava fechada. Após uma consulta rápida ao guia que levávamos e que tinha algumas indicações tiradas da internet, apanhámos um vaporetto para Záttere para irmos à gelataria Nico. Porém, ao vermos os toldos azuis da gelataria reparámos que esta também estava encerrada. Na parede tinha um papel que informava que abririam na segunda-feira seguinte, se tivessem vontade (voglia). A coisa não estava a correr bem e eu continuava sem gelado. 
O povo diz que "Deus dá com uma mão e tira com a outra", no entanto a nós aconteceu exactamente o contrário. Tirou-nos a Alaska e a Nico mas deu-nos o que mais nos marcou pela positiva nesta viagem, o Squero di S. Trovaso, local onde são recuperadas as gôndolas e, virando à direita para a Fodamenta Nani, a gelataria Lo Squero. A gelataria não nos conquistou logo e ainda tivemos vai não vai para não entrar, mas como eu precisava mesmo dum gelado decidimos entrar. E ainda bem que o fizemos. Os gelados eram muito bons e descobrimos que a gelataria é frequentada pela Angelina Jolie nas suas idas à cidade. Os sabores variam conforme a época e são confeccionados de forma artesanal. É verdade que a loja não tem lá grande aspecto, mas quem vê caras não vê sabores, e eu deliciei-me com uma bola de pêra e outra de avelâ.
Quando cumprirmos a promessa feita numa noite fria e voltarmos a este bocado de Itália quero visitar a Galeria dell'Accademia, onde é possível apreciar a pintura veneziana do séc. XIV ao séc. XVIII, o Palazzo Venier dei Leoni, que alberga a colecção de arte moderna de Peggy Guggenheim e, na foz do Grande Canal, a Chiesa di Santa Maria della Salute, obra-prima da arquitectura dedicada à S. Maria della Salute depois desta ter libertado os venezianos da peste de 1630. A seguir à visita a estas três pérolas do Dorsoduro faço tençao de contornar a Punta  D. Dogma, onde se encontram os armazéns da outrora alfândega marítima, e iniciar uma longa caminhada pela Fondamenta Záttere que me vai levar de novo ao cantinho mais pitoresco de Veneza, o Squero di S. Trovaso e à gelataria Lo Squero para saborear um gelado enquanto descanso num dos mais belos jardins da Sereníssima, por trás da Chiesa di San Trovaso.
Até que esse dia chegue vou continuando a sonhar com mais um Inverno em Veneza...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Lula Recheada na Telha

Janeiro já vai a mais de meio, mas aqui estamos nós para iniciar 2011 com uma missão: esvaziar o congelador.

A nossa estratégia é simples: abrimos o congelador, tiramos o que estiver à mão e depois decidimos o que fazer. Apesar de prático este método não é infalível. Ontem quando estava a tirar alguma coisa para o jantar saiu-me um sargo e um carapau, que não é coisa que combine. Tive sorte que à terceira surgiu outro carapau. Assim, o sargo voltou para o congelador e os carapaus foram para a grelha.

A "limpeza" foi iniciada pelo Miguel e a primeira coisa que agarrou foi uma mega lula, pescada por ele e que aguardava por ser recheada. Era a oportunidade perfeita para estrear a telha que a minha mãe me deu no Natal.

No caso de não conseguires encontrar uma lula grande, podes substituir pela mesma quantidade de lulas mais pequenas.

Para 4 pessoas
- 800 g de lula inteira
- azeite q.b.
- 1 cebola picada
- 1 dente de alho picado
- 4 fatias de bacon, cortadas em palitos
- 180 g de frango desfiado (podes usar sobras doutro tipo de carne)
- sal e piri-piri q.b.
- 2 ovos cozidos, grosseiramente picados
- 1/2 frasco de azeitonas às rodelas

1. Pré-aquece o forno a 190ºC.

2. Amanha a lula de forma a que o corpo desta fique como um "tubo". Escalda o saco da lula, os tentáculos e as abas numa panela de água a ferver. Retira a lula da água e pica grosseiramente os tentáculos e as abas da lula.

3. Leva ao lume uma panela com o azeite, a cebola e o alho e deixa refogar. Quando a cebola estiver translúcida junta o bacon, os tentáculos e as abas da lula, o frango e deixa refogar mais um bocado. Adiciona a polpa de tomate e o vinho branco e cozinha durante mais 15 minutos. Tempera com sal e piri-piri. Retira do lume e acrescenta o ovo cozido, as azeitonas e mistura tudo muito bem.

4. Com a ajuda duma escumadeira retira o recheio do molho do estufado e recheia o saco da lula. Coloca a lula na telha e rega-a com o molho que ficou na panela. Leva ao forno durante 20 minutos.

5. Retira do forno corta a lula às rodelas e acompanha com batatas cozidas ou puré de batata.