terça-feira, 29 de novembro de 2011

Salada de Ovo e Atum

Esta é uma "mistela" que fazíamos no Verão, nas férias em S. Martinho do Porto, e púnhamos nas bolas de pão para levarmos para a praia. No Verão apetece em sandes com alface para comer a seguir ao banho, enquanto secamos ao sol. Mas no Inverno sabe bem em dias soalheiros, no quentinho da casa, barrada em torradas ou em fatias de pão rústico.

Para 2 pessoas
- 1 lata de atum em azeite
- 2 ovos cozidos
- 2 c. sopa de rodelas de azeitonas pretas
- 1 c. sopa de iogurte natural
- 1 c. sopa de maionese

Numa taça  esmaga os ovos cozidos, com a ajuda de um garfo. Junta o atum e as rodelas de azeitona. Mistura bem. Adiciona o iogurte natural e a maionese e envolve bem. Leva a "mistela" ao frigorífico durante pelo menos meia hora para refrescar.

sábado, 26 de novembro de 2011

Dona Fátima 2010

Sexta-feira depois do trabalho apanhei a minha irmã J. na estação de comboios e fomos até à Latina Adega para comprar uma garrafa de vinho para oferecermos ao nosso tio.  (Antes de continuar, há uma coisa que precisam de saber sobre mim e a J., nós não somos as pessoas mais indicadas para mandar à loja comprar vinho. Não percebemos nadita de nada sobre o assunto, mas o que fazer, calhou-nos a nós a tarefa.)

Pouco depois de entrarmos na Adega fomos abordadas pelo dono, que nos convidou para a prova de vinhos Biomanz que ia decorrer na loja. Tentámos explicar que não éramos apreciadoras de vinho, mas com a sua simpatia convenceu-nos a participar. Enquanto a prova não começava fomos passando os olhos pelas garrafas expostas a ver se alguma delas "falava" connosco. As garrafas não "falaram" mas a gerente da garrafeira falou e prestou-nos uma ajuda muito preciosa. No final, dos vinhos aconselhados, escolhemos aquele que considerámos ter o rótulo e o nome mais bonito e um dos vinhos tintos da Biomanz.

Dizem que para apreciar um vinho temos de ter três sentidos bem apurados, visão, olfacto e paladar. Eu acrescentaria também a audição, para podermos ouvir contar a história que está por trás do líquido engarrafado. A da Biomanz é uma história de recuperação do passado vitivinícola de Cheleiros (Mafra). Começaram por comprar uma pequena vinha a uma senhora cujo marido tinha falecido e ela já não tinha forças para tratar das videiras sozinha. Na vinha existia uma casta branca inicialmente desconhecida e depois identificada como sendo uma casta portuguesa quase extinta: Uva Jampal. O enólogo da casa, Ricardo Noronha, sugeriu substituir as cepas por outras de castas tintas, felizmente André Manz, o administrador da Biomanz, não foi nessa e decidiu produzir o único vinho monocasta Jampal no mundo.  

Digo felizmente porque fiquei completamente apaixonada pelo Dona Fátima!!! Andava há muito tempo à procura de um vinho que me conquistasse e sem estar à espera encontrei-o ali num fim de dia de Outono. Não me perguntem o que é que o vinho tem de especial. Ele é apetitoso e tem uma frescura trazida pelas brisas do Atlântico. Tem também o seu quê de mistério, como qualquer objecto de paixão deve ter no início, com alguns aromas que reconheço no paladar mas que não consigo identificar.

Mas este meu apaixonado quer uma relação à moda antiga e faz-se de difícil. Temos encontro marcado para Abril, quando estará novamente disponível.

Produzido em: Cheleiros
Região: Lisboa
Tipo: Branco
Castas: 100% Jampal

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Dia Nacional do Mar

Sou filha de embarcado, sou neta e bisneta de homens do mar. Por causa desta ligação familiar, e pela sua proximidade, tenho desde criança uma paixão muito grande pelo mar. Mesmo que por causa dele, em muitas viagens que duravam meses, o único contacto que tinha com o meu pai era através de cartas ou postais que atravessavam o oceano.
No dia em que regressava a terra costumávamos ir com a minha mãe para os Pilotos da Barra esperar por ele. Eu aguardava sempre a sua chegada com ansiedade. Gostava de ir a correr abrir o saco dele para sentir o cheiro a mar, misturado com o cheiro a gasóleo, que vinha agarrado às suas roupas. Claro que também esperava encontrar por lá alguma prenda.
Pensando que podia continuar a tradição familiar, mas numa vertente diferente, no secundário escolhi a área de "Produção Aquática", onde aprendi a conhecer as potencialidades do mar, a necessidade de protegermos os seus recursos e a fazer redes.  Com este conhecimento vieram as primeiras discussões lá em casa sobre a exploração excessiva dos recursos marinhos, a legislação que vinha da CEE e a falta de uma política de pesca sustentável. 

Recordo estes tempos porque hoje comemora-se o Dia Nacional do Mar e discute-se sobre como criar valor com os oceanos e sobre a economia do mar. Agora que o meu pai é recém reformado já não falamos tanto acerca do futuro dos oceanos, mas é impressionante como tantos anos depois a questão da sustentabilidade do pescado ainda continua tão presente.

Enquanto consumidores não devemos ficar à espera que o poder político encontre soluções, temos sim de escolher o peixe certo para o nosso prato. Com o gráfico "Which fish are okay to eat?", no site InformationIsBeautiful, ou numa versão mais portuguesa Que peixe comer?, podemos descobrir que peixes podemos incluir nas nossas refeições do dia-a-dia, contribuindo para que outros pais continuem a sair para o mar e a regressar com peixe nas suas redes.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Castanhas Assadas

Não houve Sol a brilhar, mas as castanhas (mesmo com bicho) não podiam faltar num dia de São Martinho, alegradas com erva-doce, que além de lhes imprimir um sabor mais outonal também deixa um cheiro adocicado em toda a cozinha.

Para 4 pessoas
- 500 g de castanhas
- 500 g de sal
- 2 mão-cheias de raminhos de erva-doce

1. Pré-aquece o forno a 200ºC.

2. Lava as castanhas e enxuga-as com um pano da louça. Faz um corte na horizontal até meio da castanha.

3. Numa taça mistura o sal grosso com os raminhos de erva-doce. Cobre um tabuleiro de ir ao forno com metade do sal aromatizado. Espalha as castanhas por cima e polvilha-as com o resto do sal. Leva ao forno durante 30 a 45 minutos.

4. Come-as quentes acompanhadas por um cálice de jeropiga ou de vinho do Porto.

sábado, 5 de novembro de 2011

Pica-Pau do Campo

O Miguel costumava apanhar santieiros (cogumelos selvagens comestíveis, designação científica Macrolepiota procera) quando andava no campo à caça, depois das primeiras chuvas. Como quem vai à despensa fomos ao campo, ver se apanhávamos alguns cogumelos para o jantar. De cestinho de verga na mão, lá iamos procurando, só que a procura não estava a correr bem. O tempo passava e a única coisa que tinhamos apanhado era erva-doce, com um cheiro maravilhoso. Mas, quando eu já pensava que iamos sair dali de mãos a abanar, o Miguel lá avistou um chapéu a espreitar pelo meio da erva, salvando assim o nosso jantar!
Já tinhamos cogumelos e erva-doce, faltava-nos um pedaço de carne, que fomos "caçar" à arca congeladora dos pais do Miguel, juntamente com mais uns cogumelos que o pai dele tinha apanhado na véspera! E foi assim que trouxemos o campo para a nossa mesa, neste pica-pau delicioso!

Para 4-6 pessoas
- 500 g de peito de frango
- sal
- 3 c. sopa de manteiga
- 1 c. chá alho em pó
- 1 c. sopa massa pimentão
- 3 c. sopa azeite
- 1 cebola picada
- 500 g de santieiros, limpos e grosseiramente cortados
- 1 copo de vinho branco
- piri-piri
- 1/2 pacote de polpa de tomate
- 1 c. sopa de maisena
- 2 c. sopa de erva-doce fresca

1. Corta o peito de frango em tiras pequenas e tempera com sal. Aquece a manteiga num wok e cozinha as tiras de carne. Cozinha durante dez minutos. Acrescenta o alho em pó e a massa pimentão. Cozinha até a carne começar a ficar caramelizada. Retira do wok e reserva.

2. Aquece o azeite no mesmo wok (sem o lavar) e aloura a cebola. Junta os cogumelos e salteia-os em lume médio durante cinco minutos. Acrescenta o vinho branco, o piri-piri e a polpa de tomate. Salteia durante mais dez minutos. Mistura a farinha maisena, usando um coador para não formar grumos.

3. Acrescenta a carne e cozinha durante mais cinco minutos. Retira do lume e mistura a erva-doce.

4. Serve quente, acompanhado por fatias de pão.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Paris

Fui ver o filme de Woody Allen "Meia-Noite em Paris". A meio do filme lembrei-me que nunca cheguei a fazer um post sobre a visita que fiz à Cidade Luz com a minha mãe, talvez por não ter ficado deslumbrada com a cidade. Dos bairros percorridos fui completamente conquistada por dois: Montmartre e Ile de Saint-Louis! Momartre pelas suas ruas estreitas com a cúpula do Sácre-Coeur sempre à espreita, pela vida imprimida pelos artistas à place de Tertre e pela atmosfera boémia. A Ile de Saint-Louis pela tranquilidade, pelo ambiente de aldeia no meio da grande cidade e pelas pequenas lojas ao longo da rua principal.
A ponte que liga a Ile de Saint-Louis à Ile de la Cité é o sítio ideal para uma pausa enquanto ouves algum conjunto que por lá esteja a tocar e pensas que sabor escolher na famosa casa de gelados Berthillon, mesmo à entrada da ilha. (Em Agosto está fechada, no entanto isso não é problema pois há muitos cafés espalhados pela cidade que vendem os seus gelados, nomeadamente o Le Flore en l'Ile mesmo ao lado.) Na minha opinião, vale a pena tirares uma manhã ou uma tarde para passeares nesta zona e conheceres as suas lojas. A que mais gostei foi a Olivier&Co, uma loja repleta de excelentes produtos mediterrânicos, como o azeite de limão que trouxemos para casa ou as bolachas de azeite, e muito mais simpática do que A l'Olivier que vem na maioria dos guias.
No que às refeições diz respeito não é fácil conseguir almoçar bem, por bom preço e sem uma multidão de turistas em volta. A boa notícia é que na Ile de Saint-Louis podes fazer um almoço sossegado e barato nas margens do Sena. Senta-te no muro da Quai de Béthune enquanto desfrutas duma baguete comprada na Boulangerie des Deux Ponts e dum sumo de laranja natural comprado numa frutaria lá ao lado, tudo acompanhado pelas notas soltas dos músicos na ponte. Finaliza aquela que pode ser a melhor refeição da tua estadia com uma bola de gelado na Amorino. Outro sítio onde também podes almoçar longe da confusão é no Cococook, um espaço clean na zona de St-Germais-des-Prés, com comida a condizer - saudável e gourmet - entre mini-tartes e sumos naturais.
Embora Paris não me tenha seduzido, há por lá uma coisa maravilhosa, a impossibilidade de não se comer chocolate todos os dias, seja nos gelados, nos macarons ou num reconfortante chocolate quente. Esta bebida acompanhada por um crossaint é uma óptima opção para um lanche. Naquele que foi o dia de regresso a casa, o chocolate quente do Angelina soube-nos a despedida.