sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Bolachas com Sementes de Papoila e Doce

Em poucas alturas o nosso nome se torna tão especial como quando amassado na voz de uma criança... É um nome que nos derrete! Então quando é dito pela primeira vez até nos pára o coração. Aconteceu esta semana, quando a minha sobrinha disse tia Sala, virada para uma foto minha, tendo-se saído muito melhor do que a mãe dela, que durante muito tempo o melhor que conseguia era Cáca (irmã mais velha sofre muito, mas depois elas pagam tudo!). O J.G., dos primeiros putos desta geração a dizer o meu nome, dizia-o quase como se fosse um conhecido pastel frito indiano, era a Shauça. A R. diz Shára com uma ternura, que só apetece apertar-lhe as bochechas. "Shára, ajjuda!", "Shára, não vamos pa casa, vamos às compras...", "Shára, quero fazher bolachas.". E pronto, a Shára lá fez as bolachas com as duas pestinhas e digo-vos que são uns bolacheiros de mão-cheia. Também têm futuro como provadores, já que a massa crua passou pelo crivo dos dois. A técnica de manuseamento da farinha é que tem de ser melhorada, mas isso é uma técnica que demora tempo a controlar e é apenas dominada por grandes chefs.
Para 30 a 35 bolachas
- 1 chávena (de chá) de manteiga, à temperatura ambiente
- 1 chávena de açúcar baunilhado
- 1 ovo
- 2 chávenas (bem cheias) de farinha
- 2 c. de sopa de sementes de papoila
- 1 frasco de doce de abóbora (ou outro doce qualquer)
- 30 a 35 avelãs, sem pele
 
1. Pré-aquece o forno a 180ºC.
 
2. Numa taça coloca a manteiga e o açúcar. Com as mãos amassa a manteiga até o açúcar estar "dissolvido". Adiciona o ovo e continua a amassar com as mãos, até o ovo estar completamente envolvido na massa. Junta primeiro as sementes de papoila, misturando bem e, por fim, a farinha. Amassa tudo muito bem e tem atenção à massa que vai começar a "voar" das mãos dos mini-chefs. No final, já com as mãos livres de massa, dá uma mexidela com uma colher de pau.
 
3. Faz pequenas bolas com a massa e coloca-as num tabuleiro de ir ao forno, forrado com papel vegetal. Espalma a bola ligeiramente e, com a ponta do polegar, "abre" um pequeno buraco no meio da bolacha. Enche o buraco com uma colher de chá de doce de abóbora e uma avelã. Polvilha com mais sementes de papoila (sugestão do mini-chef J.G.). Leva ao forno durante 15 minutos ou até as bolachas estarem douradas. Deixa arrefecer ligeiramente e serve com um pacote de leite achocolatado ou então come, só porque sim...

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Cenoura e Pastinaga Assada

Pastinaga, espécie de cenoura. De casca bege e sabor mais parecido ao da batata. Mas se é uma espécie de cenoura vai bem com cenoura, com certeza. Trouxe-as do nosso fim-de-semana no Algarve e a ideia era fazer um puré. Quando chegou à altura de as fazer apetecia-me algo rústico para acompanhar uma costeleta do cachaço e por isso escolhi assá-las. Para obter uma maior caramelização acrescentei duas colheres de mel, pouco antes de estarem prontas, só que é completamente desnecessário. As cenouras e os alhos assados já dão doçura mais do que suficiente ao prato. Uma salada de Outono, para voltar a repetir nestes dias chuvosos.
 
Para 2 pessoas
- 3 pastinagas médias
- 3 cenouras médias
- 4 dentes de alho, por descascar
- salva seca (se tiveres fresca tanto melhor)
- azeite
- sal
 
Descasca as pastinagas e as cenouras. Corta-as em quartos e distribui-as num tabuleiro de ir ao forno. Junta os dentes de alho, com casca e esmagados, as folhas de salva, grosseiramente desfeitas. Rega tudo com um fio de azeite e tempera com uma pitada de sal. Com as mãos envolve bem os legumes no azeite. Leva ao forno, pré-aquecido a 200ºC, durante 20 a 30 minutos. A meio do tempo dá uma viradela aos legumes. Serve como acompanhamento de carne ou peixe grelhado.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Padaria 5 Bicas

Sr. João, João e Joana representam duas gerações na Padaria 5 Bicas, a melhor padaria da cidade! Em 2010 o Sr. João assumiu o comando a tempo inteiro e começou uma nova história nesta padaria de bairro, onde se conhecem os clientes pelo tipo e quantidade de pão que levam todos os dias. As dez pessoas que lá trabalham transformam farinha e água em pão de qualidade. Daquele tipo de pão guloso que se come de uma assentada, sozinho ou com manteiga, só porque está a saber bem. Com essa mudança veio mais variedade de produtos, cestos de pão mais bonitos e vitrinas mais recheadas. Colocando amor e esforço no que fazem, as coisas vão fermentando bem. Tudo cozido em forno de lenha, vendido com o sorriso da Joana e o cuidado da Dª. Alice, já sem ser preciso dizer o que queremos: 6 pães branquinhos, em saco de plástico.
Há quantos anos a padaria 5 Bicas abriu as suas portas?
Quando tivemos que pedir o licenciamento andámos a ver isso e o registo mais antigo que encontrámos foi de 1857. Muitos anos, mais de cento e cinquenta!
Como tem sido a sua história?
Tem sido uma padaria passada de geração em geração, até à altura em que a comprei ao Sr. Rodrigo, em 1986. Os meus avós eram padeiros na Rua das Salineiras, e entretanto eu comprei esta padaria. Para alguns clientes mais antigos ainda é a padaria do Sr. Rodrigo e agora tenho os meus filhos a trabalhar comigo.
Ainda se lembra como foi o seu primeiro dia de trabalho aqui na padaria?
Sim, fui-me inteirando das coisas e do que era preciso na altura. Saber a farinha, o sal, a lenha… O Sr. Rodrigo, que foi quem me passou a padaria, explicou-me as coisas e foi-me dando umas indicações.
Vê o trabalho na padaria como uma herança familiar ou sente-se inspirado por ele?
Os meus avós eram padeiros, os meus pais eram padeiros e eu, por necessidade e para me ir inteirando do ramo, fui começando a trabalhar na padaria. Depois comecei a tomar gosto e segui isto. Dou-me feliz por ter uma situação em que posso trabalhar, tendo em conta que hoje há tanta gente sem trabalho.
Como é trabalhar com os seus filhos?
A coisa mais difícil da padaria… (risos) É bom, eles são responsáveis, são bons e foram aprendendo por eles. Tem sido muito bom.
O que distingue a padaria 5 Bicas das outras padarias da cidade?
Penso que o que distingue é a qualidade do pão. Hoje em dia é tudo muito comercial, faz-se o pão com gorduras, com canela… Nós procuramos fazer o pão à moda tradicional. As pessoas que aqui trabalham também. A Joana é simpática e isso ajuda a cativar os clientes. Temos um rapaz de São Tomé e Príncipe que é competente, honesto e trabalhador, que merece ser ajudado. Mas também temos aqui pessoas que podiam fazer melhor… E temos ainda o forno, que sendo de lenha também ajuda à qualidade do pão, dá-lhe um sabor mais característico.
Qual é o produto que mais lhe aquece o coração quando vê sair do forno?
Gosto de ver o pão d’avó. Porque é um pão escuro, de mistura, mais saudável. É, gosto dos pães escuros…
Lembro-me em miúda vir aqui aos éclairs de chocolate, às escondidas da minha avó e da tristeza que foi, um dia, descobrir que tinham “desaparecido”. Para quando o seu regresso à padaria?
Não sei, ver se até ao fim do ano conseguimos.
A que cheira a sua infância?
Aos sabores genuínos, ir à Ponte Praça e cheirar a maresia. O cheiro das árvores era diferente. Agora os carros com a gasolina já não deixam que os cheiros se entranhem… No Poço de Santiago o cheiro a água salgada. Antigamente quando se ia ver os jogos do Beira-Mar sentiam-se os cheiros do parque, era muito bom. A poluição agora já não deixa que o cheiro da natureza entre por nós adentro. O progresso é muito destrutivo…
Como vê o futuro da padaria 5 Bicas?
Procurar conservar uma padaria típica, para não sermos apenas mais uma. Hoje a vida é mais comercial, com menos qualidade… Queremos uma padaria com qualidade para podermos ser uma referência na cidade, diferente das outras. Mas não ser diferente apenas por ser diferente, queremos manter a padaria tradicional para podermos ser consagrados.

domingo, 13 de outubro de 2013

Morcegos de Chocolate

Houve um tempo em que achei que ser madrinha de alguém não ia acontecer. Lembro-me até de ter tido este pensamento dias antes de  ser convidada para madrinha da G. Esse foi um dia tornado ainda mais especial com a chegada de tal convite, enquanto a G. dormia no ovo um sono profundo. Olhando para trás vemos como o tempo passa, e como aquele bebé, fascinado pelos tsurus feitos pelos padrinhos, cresceu. Agora já não é nenhum bebé e os animais voadores que povoam os seus sonhos são os morcegos.
Para assinalar os seus cinco aninhos fizemos bolachas de chocolate, em forma de morcego. É sempre uma forma vencedora de passar um bocado com os mais novos e podes trocar os morcegos pelo animal preferido dos teus pequenos.

Para 40 a 50 morcegos
- 65g de manteiga, à temperatura ambiente
- 150g de açúcar
- 1 ovo
- 65g de chocolate
- 3 c. de sopa de leite, quase fervido

- 65g de miolo de amêndoa moído
- 250g de farinha

1. Numa taça junta a manteiga e o açúcar. Pede ajuda ao mini chef para, com as mãos, misturar a manteiga e açúcar, até obter uma "pasta". Acrescenta um ovo e mistura bem, deixando ao critério do mini chef continuar a usar as mãos ou usar a batedeira.

2. Derrete o chocolate no leite quente. Acrescente à mistura anterior e bate bem (agora convém mesmo usares a batedeira, primeiro porque o chocolate está quente e segundo porque fica uma chafurdice, mas podes arriscar...). Adiciona o miolo de amêndoa e a farinha. Mistura bem, até obteres uma massa homogénea. Leva ao frigorífico, durante no mínimo duas horas, para a massa ficar mais firme.

3. Pré-aquece o forno a 190ºC.

4. Numa superfície enfarinhada e com as mãos enfarinhadas, ajuda o mini chef a estender a massa. Usando o cortador que ele escolher, vai cortando as bolachas e estendendo de novo, até terem acabado com a massa.

5. Distribui as bolachas numa folha de papel vegetal e leva ao forno durante 10/12 minutos (esta parte depende muito do forno e é mesmo importante que a partir dos 8 minutos vás vigiando regularmente o forno).
 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

"Sopa" Doce de Tomate

Há dias bons e há dias maus. Hoje está a ser um daqueles dias mesmo menos bom... Daqueles dias que tudo o que preciso é de um abraço apertado e toneladas de chocolate! "Juntei" as duas coisas nesta espécie de sopa doce de tomate usando tomates chocolate, mais doces que os tomates "normais". O meu avô fazia-me muitas vezes esta "sopa", com todo o seu amor. Quando a comia sentia-me sempre muito especial, pois era a única neta para quem ele a fazia! Usava de toda a sua paciência para não deixar passar nem um bocadinho de pele ou uma semente que fosse e escolhia sempre os seus tomates mais maduros. Para fazer esta "sopa" deves fazer o mesmo: usar tomates bem maduros, muita paciência e todo o teu amor, só assim vais conseguir deixar o teu abraço para sempre.

Para 1 abraço apertado
- 8 tomates chocolate, maduros
- 8 tomates cereja, maduros
- Muita paciência
- Todo o teu amor
- 2 c. sopa de açúcar baunilhado

Pega em muita paciência e retira a pele e as sementes aos tomates. Corta-os em bocados pequenos para um prato fundo. Junta o açúcar baunilhado. Com a ajuda de um garfo e de todo o teu amor esmaga os tomates, reduzindo-os a puré. Serve com um beijo e um abraço muito muito apertado.

Nota: a minha sopa ficou um bocado líquida. Os tomates que tinha em casa ainda não estavam maduros, vai daí acabei de os "esmagar" no 1,2,3. Não é a mesma coisa...
 

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Praceta

São poucos os restaurantes onde uma pessoa se sente verdadeiramente confortável a almoçar sozinha. Normalmente a opção está entre comer qualquer coisa rápida e de qualidade duvidosa num café ou comer bem num restaurante, mas sentires aquele desconforto de não saberes o que fazer enquanto esperas pelo teu pedido. O que vale é que no Verão esse desconforto é aligeirado pela chegada das esplanadas.
 
Felizmente não sou como a minha mãe que odeia comer sozinha. Apesar de preferir mil vezes almoçar sozinha num espaço público a ter de cozinhar só para mim, confesso que às vezes me sinto pouco à vontade com os olhares vindos das outras mesas. Algumas vezes a escolha de almoçar sozinha é minha. Porque me apetece carregar baterias, porque não estou virada para conversas ou porque quero  aproveitar para ler um livro ou uma revista. Neste campo a leitura é uma estrada de dois sentidos. É uma forma de lidar com o desconforto de fazer a refeição sem companhia, mas pode ser o que me leva a estar a almoçar sozinha.
 
No dia em que fui ao Praceta estes dois sentidos cruzaram-se... Estava sozinha em Santa Maria da Feira e estava perto da hora de almoço. Ainda dava tempo para vir almoçar a casa, mas a minha amiga P. voltou a falar-me do Praceta e das suas sobremesas. Indecisa como sou ainda estive parada no carro um bom quarto de hora sem saber o que resolver. Um, dois, três, vou comer qualquer coisa a casa, cinco, seis, sete, oito, não, vou experimentar as ditas sobremesas, dez, onze, hum vou mas é para Aveiro, treze, catorze, não sejas parva, vais mas é aproveitar a mudança de ares para relaxar um pouco. Assim como assim tens contigo o que ler...
E foi assim que fui parar ao pátio daquele que é um sítio de cozinha portuguesa e também de forte influência italiana. Como estava sozinha optei pelas mesas no exterior, mais descontraídas e perfeitas para ler enquanto esperava que o meu esparguete de amêijoas viesse para a mesa. Enquanto lia a National Geographicmergulhava nos cenotes Maias era inebriada pelo cheiro vindo da cozinha, onde salteavam as minhas amêijoas e preparavam pizzas para a família na mesa ao lado. Naquele pátio tudo te faz sentir em casa. A vista para as escadas e as heras que a acompanham. O atendimento sem grandes cerimónias, que te dá a sensação de pertenceres ali. O forno a lenha como os das casas das nossas avós. A comida que te conforta como só as mães o sabem fazer. E uma deliciosa mousse crocante de chocolate branco que te faz recostar na cadeira de verga, relaxar e desejar ficar ali a tarde inteira, em leituras infinitas...

Praceta
Rua das Fogaceiras, n.º 15
4520-200 Santa Maria da Feira
Tel.: 256 305 245
Preço médio: 18€/pessoa

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Risotto de Tamboril e Beldroega

As beldroegas estavam irresistíveis na banca do mercado. A ideia era usá-las numa salada, mas com o tempo assim meio chocho apetecia-nos algo mais confortante para o jantar. A inspiração veio do No Soup for You e o resultado final é divinal! O tamboril ficou no ponto, as beldroegas, cheias de sabor e super nutritivas, são a minha nova planta favorita e o milho introduz contraste e textura ao prato. Adorámos!
 
Para 4 pessoas
- 400 g de cubos de tamboril, cortados em quartos
- 1 molho de beldroegas
- 300 g de arroz arbóreo
- azeite q.b.
- 2 alhos-francês, cortado finamente em meias-luas
- 40 cl de cerveja
- 2 l de caldo de peixe
- 1 espiga de milho
- 1 c. de chá de paprika
- 1 c. de chá de alho em pó
- sal q.b.
- 40 g de lascas de queijo da ilha
- 1 noz de manteiga
 
1. Começa por arranjar as beldroegas, separando as folhas do caule principal. Reserva.
 
2. Envolve bem a espiga de milho em azeite, paprika e alho em pó. Leva à grelha, bem quente, até ficar dourada de todos os lados. Corta o milho da maçaroca e reserva.
 
3. Refoga no azeite o alho-francês, com uma pitada de sal. Junta o arroz e envolve no refogado até os grãos estarem translúcidos. Adiciona a cerveja e mexe de vez em quando até o álcool evaporar. Passa para lume brando e acrescenta uma concha de caldo de peixe quente. Quando o caldo tiver evaporado, junta os cubos de tamboril e vai acrescentando conchas de caldo, esperando que o líquido evapore entre cada adição, até o arroz estar al dente. Mexe sempre para o arroz não agarrar ao fundo da panela. Quando juntares a última concha de caldo, envolve as beldroegas no risotto.
 
4. Desliga o lume e envolve o milho, as lascas de queijo da ilha e a noz de manteiga. Mexe até o queijo e a manteiga terem derretido. Tapa a panela e deixa repousar durante 3 minutos. Serve de imediato.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Massa para Stromboli

Tenho andado a pensar que cozinha e maternidade são coisas iguais, apenas com dimensões diferentes. Nos nossos planos, esta massa era para ter sido um stromboli, mas ficou um pão remendado. Talvez um pouco como os filhos... Dá-se amor, carinho e atenção, mas basta uma desatenção, um descuido e tornam-se numa coisa qualquer que não estava nos nossos planos. Numa espécie de mundo nano, ver a massa sair das nossas mãos quase que pode equivaler a ver nascer um filho. Dar-lhe condições ambientais favoráveis e esperar que cresça. Moldar e desejar que se transforme em algo de maravilhoso... E quando isso não acontece, questionamo-nos onde teremos errado. Qual terá sido o passo que devia ter sido diferente?
 
Será que foi um pouquinho de água a mais? Ou terá sido o tempo que esperou para que a cobríssemos com os ingredientes? A massa ali estendida estava pronta para ser transformada num stromboli perfeito, só que um conjunto de pequenas falhas deu-lhe outro rumo. Os espinafres queimaram no frigorífico. O leitão não era suficiente. A massa ficou à espera e agarrou... Mas, tal como deve ser com um filho, não vamos desistir dela. Pequenas alterações à receita de massa que usámos para a pizza de rabanetes, tornam-na mais saborosa, menos pesada, mais fácil de trabalhar. Só temos de ter mais atenção e cuidado, para evitar que nos troque outra vez as voltas e se transforme num pão mal cozido.
 
Para 4 a 6 pessoas (BBC)
- 450 g de farinha de trigo forte
- 50 g de sémola de trigo
- 5 g de fermento activo (a alteração com mais efeito)
- 2 c. de chá de sal fino
- 2 c. de sopa de azeite
- 325 ml de água morna
 
1. Numa taça larga coloca a farinha, a sémola e o fermento. Usando as mãos mistura bem e faz um buraco no meio. Noutra taça, mistura o sal, o azeite e a água. Verte a mistura líquida no buraco. Mexe com uma colher de pau, até que a massa forme uma bola.
 
2. Coloca a massa numa superfície enfarinhada. Enfarinha as tuas mãos e amassa durante 5 minutos, até que a massa fique mais macia e lustrosa. Cobre a bola com um pouco de azeite e envolve-a com filme. Deixa repousar e crescer, num à temperatura ambiente, durante duas horas ou até a bola ter dobrado o tamanho.
 
3. Quando tiveres os ingredientes preparados, estende a massa num rectângulo.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Tarte de Crumble de Mirtilos

O tempo voa  e nós gostamos de ter a sensação de que, às vezes, o conseguimos comprar. Aqui em casa achávamos que ganhávamos tempo comprando as bases já prontas para pizzas, tartes e sobremesas. Na realidade era um tempo que ganhávamos mas que não era aplicado em nada de realmente importante. O que não perdíamos em tempo perdíamos em sabor e em variedade. Cansada da repetibilidade dos sabores, sem espaço para as imperfeições, decidi experimentar começar a fazer as nossas próprias massas. Tudo do zero! Até agora tem corrido bem e o retorno do tempo investido tem sido elevado.
 
Para a massa (Vincent Gadan)
- 90 g de manteiga
- 50 g de açúcar
- 1/2 vagem de baunilha
- 1 ovo
- 20 g de farinha de amêndoa
- 160 g de farinha
 
Para o crumble
- 80 g de línguas de gato
- 50 g de amêndoa
- 2 c. de chá de extracto de baunilha
- 2 c. de sopa de açúcar amarelo
- 30 g de manteiga
 
Para o recheio
- 500 g de mirtilos
- 1 c. de sopa de maizena
- 6 c. de sopa de açúcar
- Raspa de 1 limão
- pitada de sal
 
1. Começa por ter todos os ingredientes para a massa todos à mão e já medidos. Numa taça mistura, com as mãos, a manteiga e o açúcar. Adiciona as sementes da vagem de baunilha e o ovo. Mistura bem. Junta as duas farinhas e amassa bem. Envolve a massa em película aderente e leva ao frigorífico durante 2 horas.
 
2. Numa superfície polvilhada com farinha estende a massa, até obteres a espessura desejada. Pica a massa com um grafo e cobre a forma com a massa. Passando o rolo da massa por cima, retira o excesso de massa. Leva a massa ao frigorífico durante uma hora.
 
3. Pré-aquece o forno a 170ºC. Leva a massa a cozer, coberta com papel vegetal e feijões cerâmicos, durante 15 minutos.
 
4. Num copo 1,2,3 junta todos os ingredientes do crumble. Desfaz os ingredientes até obteres a consistência desejada (eu, por exemplo, gosto de sentir os pedaços um pouco maiores).
 
5. Numa taça coloca os mirtilos e mistura com a farinha maizena. Adiciona o açúcar, a raspa de limão e o sal. Envolve tudo muito bem.
 
6. Retira a massa do forno e cobre a base com os mirtilos. Por cima,, faz uma espécie de cama com o crumble. Leva novamente ao forno até o crumble ficar dourado (mais ou menos 15/20 minutos). Retira do forno e serve morno, acompanhado por uma bola de gelado de nata.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Pizza de Rabanetes, Requeijão e Queijo de Cabra

A pedido do seu fundador, José Ferreira Pinto Bastos, todos os anos, no primeiro fim-de-semana de Julho a Vista Alegre entra em festa. São quatro dias para celebrar o aniversário da fábrica de porcelana e a padroeira da terra, Nossa Senhora da Penha de França. E todos os anos lá vou eu, aproveitar a feira de oportunidades e os descontos nas lojas da fábrica para aumentar a loiça cá de casa, ou então para substituir alguma peça partida ou desaparecida. Além da vantagem dos descontos é um ambiente bem mais interessante para fazer compras do que uma loja, num qualquer centro comercial.
Este ano não fomos as três manas, fomos só duas, o que não é a mesma coisa. Com a minha irmã mais nova é outra animação... Fomos logo na 6ª feira de manhã e aproveitámos para almoçar por lá numa das barraquinhas da feira. A confusão era inexistente, comparada com o fim-de-semana, mas mesmo assim apanhámos uma fila de uma hora na loja de outlet. Tivemos o azar de ir à mesma hora que uma excursão de visita ao bairro operário e cada um quis levar consigo uma peça de recordação. O bairro é um espaço muito agradável para passear, seja nos dias da festa ou noutro dia qualquer. Em cada rua sentes o passado industrial do lugar, só é pena algumas das casas estarem a ficar degradadas, algumas encontram-se mesmo em estado de ruínas.
Como tínhamos tempo não nos importámos muito com a espera e à medida que a fila andava ia pondo mais umas coisitas para o cesto e imaginando que pratos ia servir naquela loiça. Assim que pus a mão nestas folhas da Bordallo Pinheiro, imaginei-as logo com esta mini-pizza de rabanetes deliciosa. Os tons rosa dos rabanetes assados a puxar a cor beringela da cerâmica, o talo branco da folha a fazer pandã com a brancura do requeijão e também dos rabanetes, entre a folha de cerâmica e a cobertura, a minha primeira massa de pizza feita do zero. Foi a concretização perfeita do meu pensamento!Trouxe também uma taça branca ovalada, para servir um Eton Mess, e deixei ficar uma couve enorme, ideal para uma salada de cuscuz, servida num dia quente, a acompanhar um churrasco. Tenho sempre esta tendência. Imaginar a loiça com comida antes de a comprar, mesmo que a loiça seja para oferecer. Quando a minha amiga R. se casou dei-lhe uma taça linda especificamente para mousse de chocolate e ela vai cumprindo esse ditame. Mais tarde, quando me casei, foi a mãe dela que me ofereceu uma taça para as minhas mousses. Tudo Vista Alegre Atlantis, claro!

Para a massa (Jamie Oliver, Cozinha na Itália)
- 400 g de farinha de trigo forte
- 100 g de sémola de trigo de moagem fina
- 1/2 c. de chá de sal fino
- 7 g de fermento em pó
- 1/2 c. de sopa de açúcar amarelo
- cerca de 325 ml de água morna

1. Numa taça larga mistura as farinhas e o sal. Faz um buraco no meio do monte de farinhas.

2. Junta o fermento e o açúcar com a água morna, mistura com um garfo e deixa repousar uns minutos e, depois, deita-os no buraco. Usando a batedeira com as varas de amassar, faz movimentos circulares para trazer lentamente a farinha das bordas para o centro e mistura-a com a água. Vai parecer uma papa cheia de grumos. Continua a mexer, juntando a farinha toda e aumentando a velocidade da batedeira.

3. Quando a massa começar a ficar dura de mais para mexeres com a batedeira, polvilha as mãos e uma superfície limpa com farinha e começa a dar-lhe a forma de uma bola. Amassa a bola, rolando para trás e para a frente, e esticando-a. Repete estes movimentos durante 10 minutos, até teres uma massa leve e elástica.

4. Polvilha com farinha a parte de cima da bola e cobre-a com película aderente. Deixa repousar, à temperatura ambiente, durante pelo menos 15 minutos.

5. Pega numa bola de massa, enfarinha uma superfície limpa e a bola. Estende a massa até teres 0,5 cm de espessura. Corta pequenos círculos de massa para a base das mini-pizzas e distribui-os num tabuleiro, coberto com folha de alumínio, barrada com azeite e polvilhada com farinha. 

Para o recheio (para 12 mini-pizzas)
- 1/2 requeijão de Seia
- 1 c. de sopa de mel
- 1 pitada de sal
- 2 mini-queijos de cabra curados
- 100 g de rabanetes, cortados em rodelas muito finas

1. Pré-aquece o forno a 210ºC.

2. Numa taça desfaz o requeijão, com o mel e o sal. Usando as mãos cobre as bases de pizza com esta mistura. Cobre o requeijão com fatias de queijo de cabra. Cobre o queijo de cabra com as rodelas de rabanetes. Leva ao forno até as pizzas estarem douradas e o queijo derretido. Serve as pizzas ainda a borbulhar, acompanhadas de uma salada.

domingo, 30 de junho de 2013

Doce e Salgado na Praia

Se os dias na praia pudessem ser apenas um som, seria a buzina que anuncia a passagem da senhora dos bolos. Bem arrumados num carrinho branco, percorrem todo o areal, ao longo do dia. Deitada na toalha, a apanhar banhos de sol, este som sobrepõe-se ao das brincadeiras das crianças, ao das conversas dos adultos, ao das bolas a bater nas raquetes... E a bola de Berlim, com ou sem creme e sempre com muito sal, comida em pequenas dentadas, faz desaparecer todos os sons da praia à nossa volta. É como no anúncio, fecho os olhos e tudo pára.
Na minha infância este som seria antes o do pregão a anunciar as batatas fritas. As batatas fritas da praia fazem parte do imaginário de todos os aveirenses que foram crianças nos anos 80. Os mais novos não fazem ideia da felicidade que era ver uma cesta, poisada na areia, cheia de pequenos pacotes transparentes, atados com um cordão branco ou vermelho, que sinalizava o picante. Só que houve um Verão que trouxe de volta os dias na praia, mas que deixou para trás os cordões branco e vermelho...
Regressada de uns dias em São Martinho do Porto, com direito à bola de Berlim no areal, descobrir um bar de praia a vender estas batatas fritas, foi um regresso ao passado... Ai que tempos felizes! A correria quando víamos o vulto branco de cesta na cabeça. A alegria de trincar aquelas batatas fritas estaladiças, com um crocante extra vindo da areia que cobria as nossas pequenas mãos...
Bolas de Berlim e batatas fritas. Porque será que na praia tudo sabe melhor? Será que a comida se transforma?, numa espécie de alquimia arquitectada pelos mergulhos no mar.

sábado, 15 de junho de 2013

Esparguete à Bolonhesa

A beleza é o inverso do conformismo, o inverso de estar fechado numa caixa a seguir as regras à risca. É sinónimo de gosto e teimosia, visível na Natureza e nas ruas, dentro de nós e nas palavras, nos contornos do corpo e nas mãos que trabalham, no ritmo da música e no que nos alimenta... Beleza é estilo e qualidade, simplicidade e complexidade, sem seguir modas ou tendências. Beleza é coragem de seres tu mesmo, não teres vergonha de quem és!
(Actualizado a 24/06/2013: Vim passar uns dias a São Martinho do Porto, com a minha irmã A. e a minha sobrinha. O tempo para me ligar à net não é muito e é sempre a correr. Quando vim ao blog para ver como andava o movimento deu-me uma coisinha má... Grande parte do texto deste post tinha desaparecido. Eu sei o que aconteceu, dado o adiantado da hora e o sono, devo ter carregado em algo que não devia. O texto que aparece em baixo não é igualzinho ao original - tenho de começar a fazer backups - mas reflecte a sua essência.)

Também existe muita beleza numa armação e em quem a usa com orgulho! Claro que não são todas as pessoas que conseguem admirar a excelência nas linhas curvas e minimalistas duma armação, mas enfim, não sabem o que perdem e às tantas anda-lhes a fazer falta uns óculos. Um dos dias mais felizes da minha adolescência foi aquele em que o oftalmologista me disse que ia precisar de usar óculos. Que não me preocupasse que era só para ler, que tinha a vista cansada e tal. Discurso perdido! Desde o tempo do ciclo que eu tinha um fascínio por armações e só aguardava pacientemente o dia em que começasse a ver mal para o quadro. Tinha a certeza que esse dia havia de chegar. Com um nome a iniciar pela letra S, estavam-me reservados os lugares do fundo da sala, além disso muitas pessoas da minha família usavam óculos. Era apenas uma questão de tempo...

Tempo e dinheiro. Apaixono-me invariavelmente por armações de preços acima do desejável, normalmente feitas à mão. Como o modelo de Anne et Valentin, pelo qual me apaixonei numa visita a casas de óptica com a minha amiga I., para escolhermos uma armação para ela. Quando andei, no final do ano passado, a experimentar óculos para mim cheguei a ver a coisa mal parada, todos estavam bem acima do que podia gastar na altura. Depois de muitos ver, lá dei por mim a falar com uma armação da Vogue - marca mais económica e que gosto muito. Pedi-lhe por favor que me ficasse bem, já que gostei logo dela e, o mais importante naquele momento, tinham um preço bastante simpático. Segundos depois estava feliz, finalmente tinha encontrado uns óculos que me faziam sentir novamente segura, algo que não me estava a parecer fácil de conseguir, ainda mais depois de ter estado a desfolhar um catálogo delicioso da colecção de Andy Wolf, que misturava duas paixões minhas: óculos e comida.
Chegada a casa do périplo com a minha amiga lembrei-me desse catálogo - IT's All About Taste - e de o ir rever. Nele aparecem pessoas de diferentes belezas a apresentar uma receita sua. A última receita é de esparguete à bolonhesa e aqui apresentamos a nossa versão. Em vez de usarmos apenas um tipo de carne picada, misturamos carne de porco e de vaca, usamos cerveja em vez de vinho branco, queijo emmental em substituição do queijo parmesão e massa pimentão, bem mais português do que o molho Worcestershire.
Para 4 pessoas
- 300 g de carne de porco, picada
- 300 g de carne de vaca, picada
- 1 cenoura grande, ralada
- 2 chávenas de chá de polpa de tomate
- 1 cebola, picada
- 2 dentes de alho, picados
- 1 cerveja mini
- 2 chávenas de chá de caldo de legumes
- queijo emmenttal, ralado
- oregãos, secos
- 1 c. de sopa de massa pimentão
- tabasco
- azeite
- sal

1. Refoga a cebola e o alho em azeite, temperada com sal, numa panela larga. Quando a cebola estiver translúcida junta a carne picada. Deixa a carne ganhar cor e cozinhar bem.

2. Junta a cerveja e cozinha a carne até o líquido ter evaporado. Adiciona os oregãos secos, a massa pimentão, o tabasco, o puré de tomate e a cenoura ralada. Mexe e deixa apurar ligeiramente. Termina com o caldo de legumes quente. Mexe bem e deixa o molho cozinhar tapado durante 1 hora, acrescentando caldo se achares necessário.
3. Serve o molho bolonhesa polvilhado com queijo emmenttal ralado, acompanhado de esparguete cozinhado al dente e saboreia as coisas simples e belas!

domingo, 9 de junho de 2013

Porquinhos na Lama

Quando pensas na tua infância o que te vem à cabeça? Eu lembro-me de muitas coisas, sobretudo memórias boas. Entre elas estão os tempos passados no infantário e os trabalhos que fazíamos, como as brincadeiras na areia, as pinturas com os dedos, os trabalhos em picotado e as moldagens com plasticina. Apesar das artes plásticas nunca terem sido o meu forte, com os meus olhos de criança aquilo que eu desenhava e moldava parecia-me espectacular. Claro que hoje já não tenho esse olhar e reconheço que os meus desenhos são um medo. Não sei o que acontece, mas existe uma clara falha de comunicação entre o meu cérebro e os meus dedos.

Sorte a minha casei-me com um homem dado às artes e foi ele que me ajudou a modelar estas porquitas, mesmo sem ferramentas à altura dos seus dotes! As porquitas foram um sucesso  no aniversário da "minha pequenina" e são para repetir, para a próxima com o uso de estecas para não haver reclamações do artista. A parte mais trabalhosa é a modelagem dos animais em pasta de açúcar e a montagem do bolo também exige alguma paciência...

- pasta de açúcar rosa claro
- 1 receita de bolo de chocolate
- 1/2 receita de mousse de chocolate
- 2 embalagens de mini Kit Kat
- 500 g de cerejas, descaroçadas
- 2 c. de sopa de açúcar
- 1 m de fita rosa claro

1. Na véspera molda os porquitos (inspirámo-nos aqui para a modelagem) e deixa-os secar.

2. Começa por fazer o bolo de chocolate. Quando o bolo estiver no forno faz a mousse de chocolate e leva ao frigorífico, para começar a espessar. Entretanto, quando o bolo estiver pronto retira-o do forno e deixa arrefecer. Assim que a mousse tiver ganho consistência suficiente para barrar, cobre os lados do bolo e vai "colando" os mini Kit Kats. Depois de teres coberto todo o bolo ata a fita à volta dos Kit Kats.

3. Mistura as cerejas com o açúcar e cobre o bolo com a fruta e depois com a mousse de chocolate. Leva ao frigorífico. Pouco antes de servires distribui os teus porquinhos pela "lama".

sábado, 1 de junho de 2013

Bolo de Cenoura com Cobertura de Queijo Creme

O que acontece se oferecermos ao melhor do mundo um bolo só para elas? Muita CHAFURDICE e também uma grande FESTA!
No aniversário da minha sobrinha fiz um bolo de cenoura, para ela fazer com ele o que lhe apetecesse, e foi um sucesso!!! Mal a pusemos ao lado do bolo, foi logo meter o dedo na cobertura e lamber a vela. Lambia a vela, molhava-a na cobertura, lambia mais um bocadinho, voltava a mergulhá-la na cobertura, como quem molha o pão nas sopas. Entretanto pensou que era estranho estar a mexer em comida, com tanta gente a ver, sem ninguém lhe dizer "não mexe" ou lhe tirar o bolo da frente e então começou a olhar para nós com um ar desconfiado. Amei!!!
No final havia tanto creme espalhado por ela e pelo vestido, como pelo bolo! É algo que dá algum trabalho, mas é divertido e vale bem a pena! É uma maneira original de cantares os primeiros parabéns aos pequenotes da tua vida ou então de festejar com eles o Dia da Criança!

Para 1 criança
- 250 g de cenoura
- 250 g de açúcar
- 250 g de farinha
- 150 g de óleo
- 4 ovos
- 1 pitada de sal

1.  Descasca a cenoura e corta-a em rodelas finas. Coze a cenoura, num púcaro com água até meio, até só teres só um fundinho de água. No 1,2,3 pica a cenoura, de maneira a obteres um puré homogéneo.

2. Pré-aquece o forno a 180ºC.

3. Numa taça coloca as gemas de ovo, o açúcar e o óleo. Bate bem até obteres uma mistura homogénea e esbranquiçada. Junta o puré de cenoura e a pitada de sal, mistura. Adiciona a farinha, envolve no creme, primeiro com a batedeira desligada e depois mistura bem, já com a batedeira ligada, até o creme "fazer olhinhos".

4. Bate as claras em castelo e envolve aos poucos no creme de gemas e cenoura. Verte o creme para uma forma untada (se achares que uma dose inteira de bolo é um desperdício podes dividir a massa em duas e fazer dois bolos mais pequenos, um para a criança e outro para ti. Porque não?, também mereces e afinal de contas todos temos uma criança dentro de nós!). Leva ao forno pré-aquecido durante 45 minutos ou até espetares um palito e este sair seco. Retira do forno e deixa-o arrefecer.

Cobertura
- 1 embalagem de queijo creme
- 4 c. de sopa de manteiga à temperatura ambiente
- 1 a 2 chávenas de açúcar em pó
- sumo de meio limão
- 1 c. de chá de essência de baunilha

1. Numa taça bate o queijo creme e a manteiga, de maneira a obteres uma mistura sem grumos. Adiciona o sumo de limão, a essência de baunilha e uma chávena de açúcar em pó, mistura. Vai adicionando, aos poucos, mais açúcar em pó, até conseguires a consistência desejada. (Nas primeiras vezes tive dificuldade em acertar com a consistência da cobertura, mas agora já sai perfeita! Queres um creme fluído, mas sem ser líquido.) Leva o creme ao frigorífico durante 1 a 2 horas e cobre todo o bolo.

Nota: O ideal é o bolo estar à temperatura ambiente quando o dás à criança e, se quiseres, podes deixá-lo um pouco mal cozido para ser mais fácil de ela desmanchar o bolo. E não te esqueças de ter toalhitas por perto e uma muda de roupa...

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Gelado de Alperce, Mel e Alfazema

Que tipo de sacrifícios serão necessários para apaziguar o espírito dos deuses e eles tragam a Primavera?! Estou tão fartinha da roupa quente, de não saber o que vestir, do vento que faz voar o estendal... Apetece-me tanto deitar no meio de campos em flor, fazer piqueniques, comer gelados, sentir apenas uma ligeira brisa no cabelo...
Será que se derramarmos o sangue de um cordeiro, Éolo, deus dos Ventos, pára de soprar forte? Será que temos de dançar? Ou será que sacrificar uns quantos ingredientes é suficiente? Se for este o caso eu já cumpri com a minha quota parte nas últimas experiências na cozinha! Fiz um bolo de limão e alfazema que não correu lá muito bem, também tentei fazer mel de alfazema, mas não tive grande sucesso nas proporções, finalmente aventurei-me num gelado de alfazema que correu mal! Estava farta de desperdiçar tempo e ingredientes quando me decidi a inspirar numa receita de gelado da Tartelette. Não segui a receita à risca, mas desta vez correu bem!!!

Para 1 litro
- 8 alperces
- 1 c. de sopa de mel
- 200 ml de natas
- 200 ml de leite gordo
- 100 g de mel
- 2 c. de chá de alfazema
- 200 ml de iogurte grego

1. Num tacho junta o alperce cortado em bocados e a colher de mel. Leva ao lume durante 5 minutos. Retira do lume e desfaz o alperce em puré. Reserva.

2. Num tacho leva ao lume as natas, o leite, o mel e a alfazema, até começar a ferver. Coa o líquido. Reserva.

3. Quando o puré de damasco e a base do gelado tiverem arrefecido, mistura-os e junta o iogurte grego. Leva ao congelador e, nas primeiras 3 horas vai mexendo de meia em meia hora, para não formar cristais. Deixa congelar e retira do congelador uns minutos antes de servires para amolecer um pouco.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Brumester DOC 2010

Nada melhor que um bom vinho tinto para acompanhar a chouriça caseira da minha mãe, que trouxe de casa dos meus pais para assar em álcool. A Sara tinha comprado há uns tempos uma garrafa de Burmester tinto e pensei em experimentá-lo, para ver se fazia jus à chouriça. 
 
Quando menos esperamos coisas boas acontecem, como a hora dos enchidos saírem do fumeiro e serem acompanhados por um vinho discreto e equilibrado! A chouriça, perfumada pela carqueija e pelo louro verde queimado. O vinho, com aroma intenso a frutas vermelhas, leves notas florais, fim longo e suave.
 
O vinho vai bem com petiscos, como a chouriça e queijos, mas também com caça ou sardinha assada, agora que se aproximam os santos populares.
 
Produzido em: Cima Corgo e Douro Superior
Região: Douro
Tipo: Tinto
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional

domingo, 12 de maio de 2013

Panna Cotta de Coco e Jasmim

Santa Joana Princesa, padroeira da cidade de Aveiro. A 12 de Maio assinala-se a sua morte, chorada pelo povo de Aveiro e pelas flores cuidadas por si em vida, pelo menos assim reza a lenda. Princesa de Portugal, aos 20 anos recolheu-se no Mosteiro de Jesus de Aveiro e aí viveu, longe das grandezas e vaidades da corte, sendo um exemplo de simplicidade e caridade.
É um dos meus dias de Primavera preferidos. A azáfama na cidade, a procissão, o cheiro a erva-doce, as pétalas de flores pelo chão, as pequenas versões da Infanta e, acima de tudo, os passos da minha irmã pelas ruas da cidade. Desde pequenina que participa na procissão, tendo interpretado diferentes papeis na grande encenação da vida da padroeira, que foram mudando à medida que foi crescendo. Agora é Irmã, a minha pequenina!
Simples, tal com a princesa e pequena, tal como eu vejo a minha eterna princesa, é esta panna cotta de coco e jasmim. Achei que os homens não fossem muito devotos de flores, mas, para grande surpresa minha, foram eles quem mais apreciou a sobremesa.

Para 4 pessoas
- 200 ml de natas
- 200 ml de creme de coco
- 60 g de açúcar
- 1 c. de sopa de chá de jasmim
- 1,5 folhas de gelatina
- 6 morangos
- 3 c. de sopa de açúcar

1. Amolece as folhas de gelatina num copo de água fria.

2. Num tacho cozinha as natas, o creme de coco e o açúcar, até que ferva. Retira do lume e "chora" sobre o creme o chá de jasmim. Deixa em infusão durante 2 minutos, mas não mais do que isso. Coa o creme e dissolve a gelatina escorrida. Distribui o creme por taças pequenas e deixa repousar no frigorífico durante 3 horas.

3. Arranja os morangos e corta-os em fatias finas. Leva-os a lume baixo juntamente com o açúcar, até este se dissolver. Quando a panna cotta já tive solidificado, cobre-as com os morangos e deixa repousar mais um pouco no frigorífico.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Scones

Margarida aproxima-se de Constança e segura-lhe as mãos. Não se apoquente, menina, a vida de um casal é muito difícil, mas a solidão é bem pior, a solidão é uma noite muito longa e luz que já não volta. Olhe que sofrer é como respirar, se estivermos sempre a pensar nisso parece que não há mais nada, mas se nos esquecermos a vida segue sem darmos por ela. Ainda mais nós, que somos mulheres, ó menina, a dor é pão que nós comemos.
Constança dá um beijo a Margarida e agradece-lhe, não concorda com as palavras mas são bonitas e sinceras. Margarida é uma boa mulher, uma mulher-mãe que nunca o foi.
Nuno Camarneiro/ Debaixo de algum céu
Fosse toda a dor um scone comido a dois e seria menor a amargura no mundo.
Para 20 a 25 scones
- 100 ml de leite, mais um pouco para pincelar
- 200 ml de natas
- 1 ovo
- 3 c. de sopa de açúcar
- 4 chávenas de farinha (com fermento, aliás toda a farinha referida no blog é com fermento)
- 1 pitada de sal
1. Pré-aquece o forno a 220ºC.

2. Numa taça bate o leite, as natas e o ovo, até obteres uma concistência aveludada. Junta o açúcar, a pitada de sal e uma chávena de farinha de cada vez. Entre cada adição de farinha mistura a massa.

3. Coloca a massa numa superfície enfarinhada e amassa-a ligeiramente, até formar uma bola. (É extraordinária a leveza da massa e a sensação que tens ao amassá-la!) Sem pressionares muito, estende a massa numa espécie de círculo com 2 cm de espessura. Corta círculos usando um copo ou um cortador de pastelaria, pressionando o cortador ma sem o torcer. Alinha-os, juntinhos - para se apoiarem uns aos outros enquanto crescem, num tabuleiro de ir ao forno coberto com uma folha de papel vegetal.

4. Pincela o topo com leite e leva os scones ao forno, no nível superior, durante 12 a 15 minutos. Quando estiverem douradinhos retira-os do forno. Serve-os quentes, com chá, acompanhados de doce, manteiga e uns dedos de conversa entre amigas ou com a tua mãe, no dia que é só dela!

domingo, 28 de abril de 2013

Raia Confitada em Azeite, Tomate Seco e Alperces

O ruído branco do mar àquela hora, areia no chão e nos olhos, uma doideira de velho aquilo, um último objecto, uma falta dele. Não redes, nem cordas, nem paus, nem vidros, outra coisa. Passos ainda, o Sol a levantar-se, perdido ele também, esforçoso por chegar às pessoas. Moço descendo à espuma à cata de brilhos, as mãos agarram água e espalham-na na cara, para que veja, para que melhor encontre. Que ideias as de um homem, que som manco esse, que coisa?

A sirene do farol soa três vezes, cuidado aos barcos e a quem neles segue. Cuidado a ti, velho, que cais ao mar e por lá ficas. A água entra pelas botas e frio, Moço pensa em voltar, mas segue ainda, os olhos vão em perguntas de pés atrás, só mais um pouco e finalmente encontra.

É um rectângulo negro aumentando nos cantos, liso e brilhante, como um besouro grande. Moço pega-lhe e lava-o de areias, é um ovo de raia, uma coisa rara e bela e estranha. Pode voltar e terminar a máquina, já nada falta para que espante.

Nuno Camarneiro/ Debaixo de algum céu

Os passos para a confecção desta receita são simples, mas é preciso estares atento a cada pormenor. O azeite que resulta da cozedura da raia é impressionante e compensa a demora do prato!

Para 4 pessoas (Portugal, O Melhor Peixe do Mundo)
- 1,2 kg de asa de raia, limpa e sem pele
- azeite virgem extra
- 3 dentes de alho laminado
- 2 tomates secos, em óleo de girassol, picados
- 50 g de alperces secos, cortados em tirinhas
- 75 g de azeitonas verdes, cortados em rodelas finas
- sumo de 1 limão
- sal
- 1,5 molhos de espargos

1. Pré-aquece o forno a 150ºC.

2. Num tabuleiro de ir ao forno tempera a raia com sal e sumo de 1/2 limão. Numa frigideira aquece bem o azeite e salteia o alho, os tomates secos, os alperces e as azeitonas. Rega a raia com este molho e acrescenta mais azeite até cubrir a raia até meio. Leva ao forno, com a tampa durante cerca de 20 minutos ou coberta com folha de alumínio durante 1 hora. A meio da cozedura vira as asas de raia. Assim que a raia esteja cozinhada, desliga o forno e reserva o peixe dentro do azeite, enquanto tratas dos espargos.

3. Aquece bem um grelhador. Apara a parte mais fibrosa dos espargos, dobrando-os e partindo por onde quebrarem. Numa taça tempera-os com sal, sumo de 1/2 limão e azeite. Leva os espargos a grelhar 3 minutos de cada lado.

4. Dispõe os espargos no prato, cobre com a raia e rega com o azeite da cozedura. No final da refeição aproveita o azeite aromatizado que fica no prato, molhando nele o pão.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Mercado da Costa Nova

Há duas estradas que levam ao mercado: a marginal, de onde se vê o mar pelos intervalos de dunas e edifícios, e uma paralela, que atravessa praças e condomínios mal projectados. É por esta que segue Daniel, porque acordou frágil de tanto sonho, porque não está pronto para azuis infinitos.
Na rua conhecem-no e cumprimentam-no com simpatia. As senhoras são gentis e sorriem muito, algumas atrevem-se em piropos, os homens são formais, os velhos levantam as boinas enquanto os jovens inclinam cabeças e sorrisos desconfiados.
Daniel circula por entre as bancas do mercado e escolhe coisas simples e boas. Vive com pouco dinheiro e gosta que assim seja , porque o obriga a escolher e decidir. Toca as cebolas e as laranjas, cheira-as e por vezes as vendedeiras dão-lhe alguma a provar.
Vai até às bancas do peixe e a senhora chama-o lá de longe, ele aproxima-se e ela dá-lhe uma saca com peixe dentro, Chamo-me São, se gostar dos bichos reze pela minha alminha. Ele sorri-lhe e diz-lhe que esteja descansada, se o peixe for fresco não há alma que se não salve.
As mulheres são espertas de viver, pensa Daniel, sempre foram. Deixam aos homens a manutenção do sagrado, os ritos e as palavras com que se fala a Deus, mas é a voz delas que fala na sua, são seus os rogos e graças, só elas Lhe sabem falar a modo.
Daniel volta depois pelo lado da água. Vêem-se alguns raios de sol e sente-se o frio a voar. O areal de pescadores a dançar com o mar, três passos para lá, a cana em arco, três passos para trás. São todos homens na praia, em casa as mulheres cozinham ou tratam dos filhos. Para elas são os peixes que lhes pescam os maridos.

Nuno Camarneiro/ Debaixo de algum céu

A par do mercado das Caldas, este é o nosso mercado preferido! Nele encontras quase tudo o que precisas para confeccionar maravilhosas refeições de peixe.