domingo, 30 de junho de 2013

Doce e Salgado na Praia

Se os dias na praia pudessem ser apenas um som, seria a buzina que anuncia a passagem da senhora dos bolos. Bem arrumados num carrinho branco, percorrem todo o areal, ao longo do dia. Deitada na toalha, a apanhar banhos de sol, este som sobrepõe-se ao das brincadeiras das crianças, ao das conversas dos adultos, ao das bolas a bater nas raquetes... E a bola de Berlim, com ou sem creme e sempre com muito sal, comida em pequenas dentadas, faz desaparecer todos os sons da praia à nossa volta. É como no anúncio, fecho os olhos e tudo pára.
Na minha infância este som seria antes o do pregão a anunciar as batatas fritas. As batatas fritas da praia fazem parte do imaginário de todos os aveirenses que foram crianças nos anos 80. Os mais novos não fazem ideia da felicidade que era ver uma cesta, poisada na areia, cheia de pequenos pacotes transparentes, atados com um cordão branco ou vermelho, que sinalizava o picante. Só que houve um Verão que trouxe de volta os dias na praia, mas que deixou para trás os cordões branco e vermelho...
Regressada de uns dias em São Martinho do Porto, com direito à bola de Berlim no areal, descobrir um bar de praia a vender estas batatas fritas, foi um regresso ao passado... Ai que tempos felizes! A correria quando víamos o vulto branco de cesta na cabeça. A alegria de trincar aquelas batatas fritas estaladiças, com um crocante extra vindo da areia que cobria as nossas pequenas mãos...
Bolas de Berlim e batatas fritas. Porque será que na praia tudo sabe melhor? Será que a comida se transforma?, numa espécie de alquimia arquitectada pelos mergulhos no mar.

sábado, 15 de junho de 2013

Esparguete à Bolonhesa

A beleza é o inverso do conformismo, o inverso de estar fechado numa caixa a seguir as regras à risca. É sinónimo de gosto e teimosia, visível na Natureza e nas ruas, dentro de nós e nas palavras, nos contornos do corpo e nas mãos que trabalham, no ritmo da música e no que nos alimenta... Beleza é estilo e qualidade, simplicidade e complexidade, sem seguir modas ou tendências. Beleza é coragem de seres tu mesmo, não teres vergonha de quem és!
(Actualizado a 24/06/2013: Vim passar uns dias a São Martinho do Porto, com a minha irmã A. e a minha sobrinha. O tempo para me ligar à net não é muito e é sempre a correr. Quando vim ao blog para ver como andava o movimento deu-me uma coisinha má... Grande parte do texto deste post tinha desaparecido. Eu sei o que aconteceu, dado o adiantado da hora e o sono, devo ter carregado em algo que não devia. O texto que aparece em baixo não é igualzinho ao original - tenho de começar a fazer backups - mas reflecte a sua essência.)

Também existe muita beleza numa armação e em quem a usa com orgulho! Claro que não são todas as pessoas que conseguem admirar a excelência nas linhas curvas e minimalistas duma armação, mas enfim, não sabem o que perdem e às tantas anda-lhes a fazer falta uns óculos. Um dos dias mais felizes da minha adolescência foi aquele em que o oftalmologista me disse que ia precisar de usar óculos. Que não me preocupasse que era só para ler, que tinha a vista cansada e tal. Discurso perdido! Desde o tempo do ciclo que eu tinha um fascínio por armações e só aguardava pacientemente o dia em que começasse a ver mal para o quadro. Tinha a certeza que esse dia havia de chegar. Com um nome a iniciar pela letra S, estavam-me reservados os lugares do fundo da sala, além disso muitas pessoas da minha família usavam óculos. Era apenas uma questão de tempo...

Tempo e dinheiro. Apaixono-me invariavelmente por armações de preços acima do desejável, normalmente feitas à mão. Como o modelo de Anne et Valentin, pelo qual me apaixonei numa visita a casas de óptica com a minha amiga I., para escolhermos uma armação para ela. Quando andei, no final do ano passado, a experimentar óculos para mim cheguei a ver a coisa mal parada, todos estavam bem acima do que podia gastar na altura. Depois de muitos ver, lá dei por mim a falar com uma armação da Vogue - marca mais económica e que gosto muito. Pedi-lhe por favor que me ficasse bem, já que gostei logo dela e, o mais importante naquele momento, tinham um preço bastante simpático. Segundos depois estava feliz, finalmente tinha encontrado uns óculos que me faziam sentir novamente segura, algo que não me estava a parecer fácil de conseguir, ainda mais depois de ter estado a desfolhar um catálogo delicioso da colecção de Andy Wolf, que misturava duas paixões minhas: óculos e comida.
Chegada a casa do périplo com a minha amiga lembrei-me desse catálogo - IT's All About Taste - e de o ir rever. Nele aparecem pessoas de diferentes belezas a apresentar uma receita sua. A última receita é de esparguete à bolonhesa e aqui apresentamos a nossa versão. Em vez de usarmos apenas um tipo de carne picada, misturamos carne de porco e de vaca, usamos cerveja em vez de vinho branco, queijo emmental em substituição do queijo parmesão e massa pimentão, bem mais português do que o molho Worcestershire.
Para 4 pessoas
- 300 g de carne de porco, picada
- 300 g de carne de vaca, picada
- 1 cenoura grande, ralada
- 2 chávenas de chá de polpa de tomate
- 1 cebola, picada
- 2 dentes de alho, picados
- 1 cerveja mini
- 2 chávenas de chá de caldo de legumes
- queijo emmenttal, ralado
- oregãos, secos
- 1 c. de sopa de massa pimentão
- tabasco
- azeite
- sal

1. Refoga a cebola e o alho em azeite, temperada com sal, numa panela larga. Quando a cebola estiver translúcida junta a carne picada. Deixa a carne ganhar cor e cozinhar bem.

2. Junta a cerveja e cozinha a carne até o líquido ter evaporado. Adiciona os oregãos secos, a massa pimentão, o tabasco, o puré de tomate e a cenoura ralada. Mexe e deixa apurar ligeiramente. Termina com o caldo de legumes quente. Mexe bem e deixa o molho cozinhar tapado durante 1 hora, acrescentando caldo se achares necessário.
3. Serve o molho bolonhesa polvilhado com queijo emmenttal ralado, acompanhado de esparguete cozinhado al dente e saboreia as coisas simples e belas!

domingo, 9 de junho de 2013

Porquinhos na Lama

Quando pensas na tua infância o que te vem à cabeça? Eu lembro-me de muitas coisas, sobretudo memórias boas. Entre elas estão os tempos passados no infantário e os trabalhos que fazíamos, como as brincadeiras na areia, as pinturas com os dedos, os trabalhos em picotado e as moldagens com plasticina. Apesar das artes plásticas nunca terem sido o meu forte, com os meus olhos de criança aquilo que eu desenhava e moldava parecia-me espectacular. Claro que hoje já não tenho esse olhar e reconheço que os meus desenhos são um medo. Não sei o que acontece, mas existe uma clara falha de comunicação entre o meu cérebro e os meus dedos.

Sorte a minha casei-me com um homem dado às artes e foi ele que me ajudou a modelar estas porquitas, mesmo sem ferramentas à altura dos seus dotes! As porquitas foram um sucesso  no aniversário da "minha pequenina" e são para repetir, para a próxima com o uso de estecas para não haver reclamações do artista. A parte mais trabalhosa é a modelagem dos animais em pasta de açúcar e a montagem do bolo também exige alguma paciência...

- pasta de açúcar rosa claro
- 1 receita de bolo de chocolate
- 1/2 receita de mousse de chocolate
- 2 embalagens de mini Kit Kat
- 500 g de cerejas, descaroçadas
- 2 c. de sopa de açúcar
- 1 m de fita rosa claro

1. Na véspera molda os porquitos (inspirámo-nos aqui para a modelagem) e deixa-os secar.

2. Começa por fazer o bolo de chocolate. Quando o bolo estiver no forno faz a mousse de chocolate e leva ao frigorífico, para começar a espessar. Entretanto, quando o bolo estiver pronto retira-o do forno e deixa arrefecer. Assim que a mousse tiver ganho consistência suficiente para barrar, cobre os lados do bolo e vai "colando" os mini Kit Kats. Depois de teres coberto todo o bolo ata a fita à volta dos Kit Kats.

3. Mistura as cerejas com o açúcar e cobre o bolo com a fruta e depois com a mousse de chocolate. Leva ao frigorífico. Pouco antes de servires distribui os teus porquinhos pela "lama".

sábado, 1 de junho de 2013

Bolo de Cenoura com Cobertura de Queijo Creme

O que acontece se oferecermos ao melhor do mundo um bolo só para elas? Muita CHAFURDICE e também uma grande FESTA!
No aniversário da minha sobrinha fiz um bolo de cenoura, para ela fazer com ele o que lhe apetecesse, e foi um sucesso!!! Mal a pusemos ao lado do bolo, foi logo meter o dedo na cobertura e lamber a vela. Lambia a vela, molhava-a na cobertura, lambia mais um bocadinho, voltava a mergulhá-la na cobertura, como quem molha o pão nas sopas. Entretanto pensou que era estranho estar a mexer em comida, com tanta gente a ver, sem ninguém lhe dizer "não mexe" ou lhe tirar o bolo da frente e então começou a olhar para nós com um ar desconfiado. Amei!!!
No final havia tanto creme espalhado por ela e pelo vestido, como pelo bolo! É algo que dá algum trabalho, mas é divertido e vale bem a pena! É uma maneira original de cantares os primeiros parabéns aos pequenotes da tua vida ou então de festejar com eles o Dia da Criança!

Para 1 criança
- 250 g de cenoura
- 250 g de açúcar
- 250 g de farinha
- 150 g de óleo
- 4 ovos
- 1 pitada de sal

1.  Descasca a cenoura e corta-a em rodelas finas. Coze a cenoura, num púcaro com água até meio, até só teres só um fundinho de água. No 1,2,3 pica a cenoura, de maneira a obteres um puré homogéneo.

2. Pré-aquece o forno a 180ºC.

3. Numa taça coloca as gemas de ovo, o açúcar e o óleo. Bate bem até obteres uma mistura homogénea e esbranquiçada. Junta o puré de cenoura e a pitada de sal, mistura. Adiciona a farinha, envolve no creme, primeiro com a batedeira desligada e depois mistura bem, já com a batedeira ligada, até o creme "fazer olhinhos".

4. Bate as claras em castelo e envolve aos poucos no creme de gemas e cenoura. Verte o creme para uma forma untada (se achares que uma dose inteira de bolo é um desperdício podes dividir a massa em duas e fazer dois bolos mais pequenos, um para a criança e outro para ti. Porque não?, também mereces e afinal de contas todos temos uma criança dentro de nós!). Leva ao forno pré-aquecido durante 45 minutos ou até espetares um palito e este sair seco. Retira do forno e deixa-o arrefecer.

Cobertura
- 1 embalagem de queijo creme
- 4 c. de sopa de manteiga à temperatura ambiente
- 1 a 2 chávenas de açúcar em pó
- sumo de meio limão
- 1 c. de chá de essência de baunilha

1. Numa taça bate o queijo creme e a manteiga, de maneira a obteres uma mistura sem grumos. Adiciona o sumo de limão, a essência de baunilha e uma chávena de açúcar em pó, mistura. Vai adicionando, aos poucos, mais açúcar em pó, até conseguires a consistência desejada. (Nas primeiras vezes tive dificuldade em acertar com a consistência da cobertura, mas agora já sai perfeita! Queres um creme fluído, mas sem ser líquido.) Leva o creme ao frigorífico durante 1 a 2 horas e cobre todo o bolo.

Nota: O ideal é o bolo estar à temperatura ambiente quando o dás à criança e, se quiseres, podes deixá-lo um pouco mal cozido para ser mais fácil de ela desmanchar o bolo. E não te esqueças de ter toalhitas por perto e uma muda de roupa...