segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Praceta

São poucos os restaurantes onde uma pessoa se sente verdadeiramente confortável a almoçar sozinha. Normalmente a opção está entre comer qualquer coisa rápida e de qualidade duvidosa num café ou comer bem num restaurante, mas sentires aquele desconforto de não saberes o que fazer enquanto esperas pelo teu pedido. O que vale é que no Verão esse desconforto é aligeirado pela chegada das esplanadas.
 
Felizmente não sou como a minha mãe que odeia comer sozinha. Apesar de preferir mil vezes almoçar sozinha num espaço público a ter de cozinhar só para mim, confesso que às vezes me sinto pouco à vontade com os olhares vindos das outras mesas. Algumas vezes a escolha de almoçar sozinha é minha. Porque me apetece carregar baterias, porque não estou virada para conversas ou porque quero  aproveitar para ler um livro ou uma revista. Neste campo a leitura é uma estrada de dois sentidos. É uma forma de lidar com o desconforto de fazer a refeição sem companhia, mas pode ser o que me leva a estar a almoçar sozinha.
 
No dia em que fui ao Praceta estes dois sentidos cruzaram-se... Estava sozinha em Santa Maria da Feira e estava perto da hora de almoço. Ainda dava tempo para vir almoçar a casa, mas a minha amiga P. voltou a falar-me do Praceta e das suas sobremesas. Indecisa como sou ainda estive parada no carro um bom quarto de hora sem saber o que resolver. Um, dois, três, vou comer qualquer coisa a casa, cinco, seis, sete, oito, não, vou experimentar as ditas sobremesas, dez, onze, hum vou mas é para Aveiro, treze, catorze, não sejas parva, vais mas é aproveitar a mudança de ares para relaxar um pouco. Assim como assim tens contigo o que ler...
E foi assim que fui parar ao pátio daquele que é um sítio de cozinha portuguesa e também de forte influência italiana. Como estava sozinha optei pelas mesas no exterior, mais descontraídas e perfeitas para ler enquanto esperava que o meu esparguete de amêijoas viesse para a mesa. Enquanto lia a National Geographicmergulhava nos cenotes Maias era inebriada pelo cheiro vindo da cozinha, onde salteavam as minhas amêijoas e preparavam pizzas para a família na mesa ao lado. Naquele pátio tudo te faz sentir em casa. A vista para as escadas e as heras que a acompanham. O atendimento sem grandes cerimónias, que te dá a sensação de pertenceres ali. O forno a lenha como os das casas das nossas avós. A comida que te conforta como só as mães o sabem fazer. E uma deliciosa mousse crocante de chocolate branco que te faz recostar na cadeira de verga, relaxar e desejar ficar ali a tarde inteira, em leituras infinitas...

Praceta
Rua das Fogaceiras, n.º 15
4520-200 Santa Maria da Feira
Tel.: 256 305 245
Preço médio: 18€/pessoa

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Risotto de Tamboril e Beldroega

As beldroegas estavam irresistíveis na banca do mercado. A ideia era usá-las numa salada, mas com o tempo assim meio chocho apetecia-nos algo mais confortante para o jantar. A inspiração veio do No Soup for You e o resultado final é divinal! O tamboril ficou no ponto, as beldroegas, cheias de sabor e super nutritivas, são a minha nova planta favorita e o milho introduz contraste e textura ao prato. Adorámos!
 
Para 4 pessoas
- 400 g de cubos de tamboril, cortados em quartos
- 1 molho de beldroegas
- 300 g de arroz arbóreo
- azeite q.b.
- 2 alhos-francês, cortado finamente em meias-luas
- 40 cl de cerveja
- 2 l de caldo de peixe
- 1 espiga de milho
- 1 c. de chá de paprika
- 1 c. de chá de alho em pó
- sal q.b.
- 40 g de lascas de queijo da ilha
- 1 noz de manteiga
 
1. Começa por arranjar as beldroegas, separando as folhas do caule principal. Reserva.
 
2. Envolve bem a espiga de milho em azeite, paprika e alho em pó. Leva à grelha, bem quente, até ficar dourada de todos os lados. Corta o milho da maçaroca e reserva.
 
3. Refoga no azeite o alho-francês, com uma pitada de sal. Junta o arroz e envolve no refogado até os grãos estarem translúcidos. Adiciona a cerveja e mexe de vez em quando até o álcool evaporar. Passa para lume brando e acrescenta uma concha de caldo de peixe quente. Quando o caldo tiver evaporado, junta os cubos de tamboril e vai acrescentando conchas de caldo, esperando que o líquido evapore entre cada adição, até o arroz estar al dente. Mexe sempre para o arroz não agarrar ao fundo da panela. Quando juntares a última concha de caldo, envolve as beldroegas no risotto.
 
4. Desliga o lume e envolve o milho, as lascas de queijo da ilha e a noz de manteiga. Mexe até o queijo e a manteiga terem derretido. Tapa a panela e deixa repousar durante 3 minutos. Serve de imediato.