Estávamos a precisar de passar uns dias num sítio onde pudéssemos não fazer nada e onde o tempo parasse... Encontrámos esse lugar na Aldeia da Mata Pequena, uma aldeia à moda de antigamente, onde o tempo andou para trás. Nestes dias só chegámos perto do fogão para fazer chá ou café e a nossa única preocupação foi garantir que os gatos que por ali andavam não entravam em casa ou levavam a comida…
Quem nos “contou” sobre esta aldeia perdida em Mafra foi a Evasões de Junho de 2011. Antes de te fazeres ao caminho confirma que tens tudo o que precisas para a estadia, pois assim que te tiveres instalado vais ter pouca vontade de sair! Para lá chegares o melhor é ignorares as novas tecnologias e apontares as indicações que vêm no site da aldeia. É preferível seguires indicações como “a seguir a um moinho vire à direita” do que colocar as coordenadas no GPS que te vai mandar para caminhos de cabras e de terra batida.
À chegada fomos recebidos pelo Diogo que nos falou da recuperação da aldeia e nos “abriu” a porta para a Casa do Feno. Mal atravessámos a porta de madeira ficámos apaixonados! A casa era simplesmente deliciosa e estava cheia de pormenores à espera de serem descobertos. Ali tínhamos tudo o que necessitávamos para uns dias desligados do Mundo e sem hora marcada para nada, nem sequer para o pequeno-almoço.
O primeiro dia amanheceu ligeiramente encoberto, mas isso não nos preocupou. Ainda em pijama tomámos o pequeno-almoço na varanda da casa e deliciámo-nos com o pão saloio, pendurado todos os dias na porta dentro de um saco de pano. Depois disso deixámo-nos estar na antiga eira a ler.
A aldeia disponibiliza muitas actividades, mas não aderimos a nenhuma delas. Não existiu vontade para nada, excepto para desfrutar da vista e ouvir o silêncio, apenas interrompido pelo cantar das carriças ou o zurrar dos burros. Houve um dia que iamos perdendo a cabeça e que quase cozinhámos. Levantámo-nos das espreguiçadeiras para ir fazer uma bruschetta de tomate cereja, só que o pão era tão saboroso que à medida que o fomos cortando em fatias também o fomos comendo…
No meio da nossa inércia conseguimos encontrar forças para fazer um pequeníssimo passeio pela aldeia e petiscar qualquer coisa na Tasca do Gil. A tasca fica logo no inicio da aldeia e pode ser um excelente aliado para quem não quer cozinhar. Também têm serviço de take way, para os que levam a preguiça mesmo a sério e cestos de piquenique.
Após estes dias perfeitos foi difícil vir embora. A tarefa de arrumar as malas que vieram com roupa que não chegou a ver a luz do dia e tirar do frigorífico os ingredientes que nunca viram o tacho foi quase penosa... Ficámos completamente enamorados e pretendemos voltar um dia a esta aldeia que não é nossa, mas nos faz sentir em casa!