Esta era uma das frases preferidas dele, a par do "Eu devia era ter nascido agora" ou "Eu devia era ter ido para padre", não que ele fosse muito devoto a Deus. Aliás, o meu avô não era pessoa de ir à missa, nem sequer no Natal ou na Páscoa. Não é preciso entrar numa igreja para celebrarmos o nascimento e a morte de Jesus Cristo, a Sua crucificação pode muito bem ser assinalada com a entrega de um folar às netas, ainda hoje cumprida, religiosamente, pela minha avó.
E foi o folar deste ano que usei para esta receita, para aproveitar os grelos que sobraram do carneiro de Páscoa e os ovos do folar. Não vou colocar quantidades porque foi tudo feito a olho, seguindo o instinto e mergulhando os dedos... Esta foi uma das receitas que mais me maravilhou nos últimos tempos, pela forma espontânea como surgiu, pelo gosto e pela nova vida que é possível darmos aos restos.
- grelos cozidos
- folhas de salsa
- alho (muita moderação na quantidade de alho, porque se exagerares sobrepõe-se a todos os outros sabores)
- pinhões torrados
- azeite de limão (se não tiveres usa azeite normal e um pouco de sumo de limão)
- queijo da ilha
- sal
- fatias de folar de Vale de Ílhavo, cortadas o mais fino que conseguires
- ovo de folar
1. No 1,2,3, coloca os grelos, as folhas de salsa, os pinhões torrados, o alho e o queijo da ilha. Tritura até obteres uma pasta grosseira. Tempera com sal.
2. Aquece o forno a 190ºC. Coloca as fatias de folar de Vale de Ílhavo num tabuleiro e leva ao forno até ficarem douradas. Retira as fatias do forno, esfrega um dente de alho cortado ao meio no folar e pincela com azeite.
3. Dispõe as fatias de folar no prato ou travessa de servir, espalha o pesto e, por cima, coloca o ovo de folar aberto ao meio. Antes de levares para a mesa, polvilha com lascas de queijo da ilha e boa Páscoa.