domingo, 9 de dezembro de 2012

Robalo à Bulhão Pato

5 anos de vida... Quando iniciámos este blog a ideia era manter um registo da comida que vamos fazendo aqui por casa e termos uma maneira rápida de partilhar as nossas receitas com os amigos. Agora, se alguém nos pergunta o que é que o Miguel pôs no pica-pau, ou quer saber que ingredientes leva o meu cheesecake, basta dizermos "vai ao blog".
 
Quando, há cinco anos, estávamos sentados no sofá a escrever o primeiro post, não imaginávamos que um dia pessoas tão longe de nós, como no Japão ou Israel, iriam seguir as nossas receitas. A globalização tem destas coisas e estamos muito gratos por isso, pois as vossas visitas fazem-nos crescer e fazem-nos querer melhorar e chegar mais além. Não sabemos até que ponto as receitas que aqui colocamos depois são reproduzidas nas vossas cozinhas, mas pelo menos esperamos inspirar-vos a pegar nos tachos. Alguns dos pratos que temos feito são simples e memoráveis, como o risotto de abóbora e frango, outros são um fiasco completo, como a primeira vez que experimentámos tagliatelle nero e outros são saborosos mesmo não sendo transcendentes, como este prato de robalo.
 
O Miguel pescou o robalo, amanhou-o e fez os filetes (só Deus sabe o que lhe deve ter custado, tal era a ressaca). Eu fui ao mercado da Costa Nova comprar o resto dos ingredientes. O peixe fica mais rico com as amêijoas, mas é um prato com muito espaço para melhorias. Há dois cuidados a ter nesta receita. O primeiro é garantir que o molho das amêijoas fica bem apurado, para não empapar o peixe e os sabores se misturarem harmoniozamente com o azeite das batatas a murro. O segundo é não deixar o peixe cozinhar muito, para não ficar seco e absorver bem os molhos.
 
Para 4 pessoas
- 4 filetes de robalo
- 1 kg de batatas novas
- 4 dentes de alho picados
- alho em pó
- azeite
- sal
 
1. Pré-aquece o forno a 190ºC.
 
2. Coze ligeiramente as batatas com pele, numa panela de água a ferver temperada com sal. Escorre as batatas e deixa-as arrefecer um pouco. Dá um murro em cada batata (nesta parte o Miguel deve ter-me visualizado nas batatas, por o fazer amanhar peixe e cozinhar de directa) e coloca-as, numa só camada, num tabuleiro de ir ao forno. Rega com um generoso fio de azeite, mistura o alho picado e tempera com sal. Leva ao forno para acabar de cozinhar, até as batatas estarem douradas.
 
3. Tempera os filetes de robalo com sal e alho em pó. Leva ao grill, até estes ganharem uma cor dourada, mas sem deixar cozinhar muito.
 
4. Faz as amêijoas à bulhão pato, deixando apurar bem o molho.
 
5. Quando tudo estiver pronto, serve os filetes de robalo, com as batatas a murro e regados com as amêijoas. Serve quente, acompanhado por um bom vinho branco fresco.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Chá de Perpétua Roxa

Não foi a cantar até que a voz me doesse que fiquei doente, mas sim a estender a roupa do Miguel na varanda. As lides domésticas têm destas coisas... E foi durante outra lide doméstica, as compras no mercado, que chegou a sugestão para tratar o meu problema: chá de perpétua roxa.
 
Quem me aconselhou o chá foi a senhora de uma das bancas de agricultura biológica do Mercado Manuel Firmino - Sabores aos Molhos. Normalmente os chás não costumam resultar comigo, mas como a flor tinha uma cor muito bonita, que até fica bem com o meu serviço de chá,  decidi comprar. Se por acaso não resultasse, sempre dava para pôr as flores secas dentro de um frasco e usar como elemento decorativo! E por acaso até foi esse o destino final das flores, mas não por o chá não ter resultado, é porque são donas de uma cor mesmo bela...
 
O chá é milagroso e possui um sabor suave. Num ápice a minha voz voltou ao normal, as dores de garganta aliviaram e a tosse acalmou.
 
Para 4 chávenas
- 1 l de água a ferver
- 6 flores secas de perpétua roxa
- 1 c. de sopa de mel
 
Num bule, verte a água a ferver por cima das flores secas de perpétua roxa. Tapa o bule e deixa em infusão durante 3 a 5 minutos, até a água ganhar uma cor rosa. Dissolve o mel para adoçar. Coa o chá e bebe morno.
 
 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Camarão Picante com Batata Doce

Sabem porque é que gosto tanto das mercearias de bairro? Porque têm vida própria, trato quem me atende pelo nome e são um verdadeiro posto de informação. Não pode haver nada de anormal no bairro que lá se inventa a necessidade urgente de um quilo de açúcar ou de arroz, para se ir saber das novidades. Mas se aparece o INEM na rua então vai-se mesmo sem desculpa e lá se pergunta à descarada o que se passou. E depois é todo um diz que disse, diz que ouviu, diz que viu...

Quando hoje de manhã saí para ir ao pão lá estava na rua uma ambulância e um carro do INEM. Enquanto esperava pelo pão, lembrei-me que me faltavam limões e salsa para completar os maravilhosos camarões picantes. Chegada à mercearia já nem sinal do INEM, mas era um corrupio de senhoras de porta-moedas em riste e uma chuvada de perguntas, de suposições e opiniões. "Para que andar foi?", "Quem foi?", "Mas morreu?", "Será que foi o homem ou a mulher?", "Ah que tenha sido o homem, porque se foi a mulher como se vai orientar ele?". E eu lá esperava, a rir-me para dentro, encantada com a "preocupação extremada" das vizinhas.

Para 4 pessoas
- 4 batatas doces pequenas
- 350 g de miolo de camarão
- 4 malaguetas secas, sem sementes e cortadas finamente
- 1/2 cabeça de alho picado
- azeite
- sal
- salsa finamente picada
- sumo de limão

1. Lava bem as batatas doces e com uma faca raspa a pele. Corta as batatas em fatias grossas. Dispõe as fatias num tabuleiro forrado com papel de alumínio e ligeiramente untado com azeite. Assa-as no forno a 200ºC, durante 30 a 45 minutos, ou até as batatas estarem douradas.

2. Aquece o azeite num wok. Quando o azeite estiver quente, acrescenta o alho e as malaguetas secas. Refoga bem, mas sem deixar queimar o alho. Junta o miolo de camarão, tempera com sal e deixa fritar até estar dourado. Finaliza com salsa picada.

3. Serve o camarão picante por cima das fatias douradas de batata doce.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Mini Tarte de Frango, Cogumelos e Pêra

Já não restam dúvidas que o Outono chegou e que o frio veio para ficar. A mim só me apetece estar aninhada no sofá, debaixo da manta, enquanto ouço a chuva a cair. Isso e comida quentinha e reconfortante, como estas mini tartes acabadinhas de sair do forno!

Para 6 mini tartes
- 1 chávena de peito de frango, cortado em cubos (mais ou menos equivalente a dois peitos de frango grandes)
- 1 chávena de cogumelos, cortados em quartos
- 1 chávena de pêra, cortada em cubos
- 2 dentes de alho, picados
- 2 piri-piris campainha secos, sem sementes e picado
- 1 copo de vinho branco
- 1 chávena de caldo de legumes
- 1/2 chávena de leite
- 1 c. sopa de maizena
- azeite
- sal
- noz moscada em pó
- 1 haste de tomilho, só as folhas
- 6 círculos de massa quebrada
- palitos de amêndoa

1. Num wok refoga o alho e o piri-piri em azeite. Junta o peito de frango e deixa alourar. Adiciona os cogumelos e salteia-os durante 5 minutos. Acrescenta o copo de vinho branco e cozinha até evaporar. Adiciona o caldo de legumes e deixa cozinhar em lume brando até o caldo ter reduzido para metade. Junta o leite e cozinha durante 5 minutos. Tempera com sal, noz moscada e tomilho. Junta a maizena e mexe bem para que a farinha se dissolva bem no caldo. Por fim acrescenta a pêra e cozinha mais cinco minutos.

2. Distribui o recheio por 6 taças que possam ir ao forno. Cobre o recheio com círculos de massa quebrada (os círculos devem ser ligeiramente mais largos que as taças) e pressiona bem no bordo para selar. Decora os círculos com palitos de amêndoa. 

3. Leva as mini tartes ao forno (pré-aquecido a 190ºC) até a massa alourar. Serve as mini tartes ainda quentes, acompanhadas por puré de batata ou salada.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Salada de Feijão-Frade e Galette de Abóbora

No fim-de-semana fui a Lisboa visitar a minha tia e pelo caminho dei um salto ao Colombo. O Miguel foi para o Alentejo caçar e levava "encomendado" um javali. Eu cheguei a casa com uma mão cheia de empadas (Empadaria do Chef) para comermos hoje ao almoço e o Miguel chegou de mãos a abanar! Bem, não foi bem assim... Ele caçou umas lebrezitas e uns coelhitos, mas nada de trazer o javali que lhe pedi.

Trouxe empada de camarão salteado, de cozido à portuguesa, de vitela com espinafres e de alheira com grelos. Para acompanhar ficava bem uma salada e lembrei-me dum post da Lisa is Cooking, que misturava abóbora e feijão-frade. Achei que era uma boa altura para experimentar a salada, mas confesso que não estava muito certa da combinação.  

As empadas são enormes e uma empada dá bem para uma refeição de uma pessoa normal. Comidas na hora, quentinhas, devem ser divinais, mas no dia a seguir ainda impressionam. A salada também captou a nossa atenção. A doçura da abóbora, que se derrete na boca, combina de forma inesperada com a frescura e acidez da salada. Excelente e para repetir!

Para 2 pessoas
Salada de Feijão-Frade
- 1/2 lata de feijão-frade
- 1 cebola roxa média
- 1 pimento campainha vermelho
- 1 rama de tomate cereja
- tomilho, só as folhas
- sumo de 1/2 limão
- azeite
- sal
Galette de Abóbora
- 1 abóbora manteiga (aquelas que têm a forma de uma pêra) pequena
- azeite
- sal

1. Numa taça larga junta o azeite e a cebola picada. Deixa marinar enquanto preparas os outros ingredientes.

2. Retira as sementes ao pimento, corta-o em tiras muito finas e pica-o. Junta ao molho de azeite e cebola. Adiciona o feijão-frade escorrido, o tomate, sem sementes e cortado em bocados médios, o tomilho e o sumo de limão. Tempera com sal e rectifica os temperos. Leva ao frigorífico, para refrescar, enquanto preparas a abóbora.

3.  (É suposto "construir" primeiro a galette e só depois cozinhá-la, mas como a autora do post refere que a galette se desmancha facilmente na altura de a virar, optei por primeiro cozinhar as meias-luas e só a "construir" no fim) Corta a abóbora manteiga ao meio, no sentido do comprimento. Descasca a parte de cima da abóbora e corta em rodelas muito finas. Distribui as meias-luas num tabuleiro de forno, numa só camada. Rega com um fio generoso de azeite e tempera com sal. Leva ao forno bem quente, até a abóbora começar a ficar dourada. Retira o tabuleiro do forno e vira todas as meias-luas. Leva a dourar. Retira do forno.

4. Distribui as meias-luas de abóbora assada no centro de dois pratos, em forma de círculo. Dispõe a salada de feijão-frade no centro da galette de abóbora. Serve a salada como uma refeição leve, entrada ou então a acompanhar umas belas empadas. 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Vintage

Se me perguntarem não consigo explicar o fascínio que sinto pela pequena vila de Óbidos. Desconfio que parte do interesse venha das muralhas e das ruas estreitas que têm de ser percorridas a pé... Patilho este fascínio por Óbidos com a minha amiga I., que é uma querida e me ofereceu de prenda de anos uma noite neste ponto maravilhoso de Portugal. Se de dia Óbidos já me encantava, à noite descobri-lhe novos tons e lembrei-me de Veneza, mas sem os canais. As ruas esvaziam-se dos turistas e a vila torna-se mais tranquila, ideal para descobrir os seus recantos!
Deixámos o hotel para jantar e na rua principal entrámos no Vintage, Tapas & Wine Bar e saímos de lá satisfeitos. Não foi a melhor refeição das nossas vidas, mas é uma refeição que, pelas circunstâncias, pelo lugar e palavras ditas, ficará para sempre guardado na minha memória. Um restaurante não se faz magnífico só pela sua excelente localização, decoração ou simpatia, é preciso que a comida seja surpreendente. A nossa fome não era muita, por isso decidimos mandar vir de entrada o ananás com morcela e dividir um bacalhau no forno com crumble de maçã e broa. A entrada estava saborosa e o ananás ligava bem com o enchido. Quanto ao bacalhau, os sabores estavam lá, mas não estava perfeito. Todos os componentes precisavam de um bocadinho mais de tempo de cozedura, principalmente as batatas e o crumble, que vinha um pouco pálido. Como sobremesa recomendo o cheesecake de ginja, esse sim maravilhoso.
Vintage
Rua Direita, n.º 41
2510-001 Óbidos
Tel.: 262 959 363
Preço médio: 25€/pessoa

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Bolo de Chocolate

Para quem não sabe sou Balança, e tenho muito do que caracteriza este signo - a indecisão, o equilíbrio, a procura da harmonia, o gosto pelo que é belo... Chegar a um café vazio é um verdadeiro desafio, já que sobram muitas mesas para escolher. Decidir uma receita e dá-la por terminada também não é nada fácil e levo o meu tempo até achar que atingi a harmonia no prato (concorrer a um Masterchef está fora dos planos já que, no mínimo, metade do tempo seria para ponderar os ingredientes). Mas não é por indecisão que passo a vida a "brincar" com a minha receita de bolo de chocolate, é para a testar e ver até que ponto pode ser melhorada. Desta vez andei a exprerimentar à volta da farinha. Também gosto de tentar ao máximo recompor as coisas antes de desistir delas... Assim, esta versão do meu bolo de chocolate é quase tudo o que eu sou.

Tudo parecia correr mal e o bolo estava tudo menos belo e harmonioso. Tive quase quase para o "deitar no lixo" e ir comprar um bolo para levar para o aniversário da G., mas depois de respirar fundo umas quantas vezes, fui ao fundo de mim e, colherada de chocolate atrás de colherada de chocolate, fui compondo o bolo até que ele ficou quase perfeito. Olhando para ele ninguém era capaz de dizer que tinha saído queimado do forno, que a ganache não estava a solidifar de forma homogénea ou que o seu nome esteve para ser bolo de chocolate afogado, tal era a poça de chocolate à sua volta. Depois de muita paciência - outra característica minha - lá consegui obter um bolo capaz de cativar a minha afilhada. Não que seja dificil de a convencer quando se trata de chocolate, sai à madrinha.

Questiono-me se esta também não será uma característica secreta dos nativos de Balança?...

Para 8 a 10 pessoas
- 5 ovos
- 150 g de açúcar
- 150 g de manteiga
- 150 g de chocolate
- 50 g de farinha
- 50 g de farinha maizena
- 50 g de amêndoa moída
- 1 c. de chá de fermento
- 1 frasco de doce ou geleia (à tua escolha)

1. Pré-aquece o forno a 180ºC.

2. Em lume brando, derrete o chocolate e a manteiga. Separa as claras das gemas. Numa taça bate as gemas com o açúcar, até começar a ficar esbranquiçado. Junta o chocolate derretido e bate bem. Bate as claras em castelo e junta-as, aos poucos, à mistura de ovo e chocolate. Numa taça mistura a farinha, a farinha maizena, a amêndoa moída e o fermento. Junta tudo à mistura anterior. Envolve tudo muito bem.

3. Verte a massa para uma forma previamente untada e coberta com papel vegetal. Leva ao forno durante 40 minutos ou até sair um palito limpo, quando espetado no bolo. Deixa arrefecer na fora e desenforma.

4. Leva o doce que escolheste ao microondas, até ficar mais líquido. Com um pincel, pincela o exterior do bolo e deixa "secar". Cobre com a tua receita de ganache favorita e decora com sprinkles.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Duo de Maçã

Como é que um fruto tão corriqueiro consegue representar tantas mudanças no mundo? O pecado original, a noção de gravidade, o sonho de uns visionários... Quando olho para uma maçã, é difícil não ver nela conhecimento e simplicidade. Agora vejo também a minha primeira geleia bem sucedida! Para muitos será um êxito minúsculo, mas para mim era algo que me andava a fugir por entre os dedos, como a areia na praia, e consegui-lo foi importante.

Doce de Maçã (6 frascos)
- 2 kg de maçã, descascada e cortada em cubos
- 700 g de açúcar
- 200 ml de sumo de laranja
- 2 paus de canela

1. Junta todos os ingredientes numa panela grande, tipo o panelão usado pelas nossas mães para fazer sopa. Leva ao lume até o açúcar se dissolver. Guarda no frigorífico durante 8 horas.

2. Leva a panela novamente ao lume e deixa a mistura cozer durante 1h30. À medida que a fruta vai cozendo vai esmagando com a colher de pau. Se a fruta não estiver desfeita em puré, retira os paus de canela e passa pela varinha mágica. Leva outra vez ao lume, durante 5 minutos, e confirma que o doce atingiu a consistência desejada. (Ao passares a colher de pau no meio da calda, deves conseguir ver o fundo, como se se abrisse uma estrada. Se quiseres uma compota mais líquida, deves procurar uma estrada estreita, de sentido único e apenas uma via. Se gostares da compota mais espessa, o que tu queres é mais uma via rápida.) Retira do lume.

3. Com cuidado, para não te queimares, passa o doce para frascos esterilazados. Deixa-os arrefecer virados para baixo.

Geleia de Maçã (6 frascos)
- 2 l de sumo de maçã*
- 1,6 kg de açúcar

1. Num tacho grande junta o açúcar e o sumo de maçã. Leva ao lume e vai mexendo regularmente (no início não é preciso estares sempre a mexer, mas convém não ires para longe. Tipo, ir para a sala ler um livro...). Quando o líquido começar a espeçar mexe com mais regularidade. Nesta altura vai medindo a temperatura e não deixes ultrapassar os 100ºC, se gostares dela mais líquida, ou os 105ºC, se gostares dela mais espessa.

2. Verte a geleia para frascos esterelizados. Enche os frascos até cima, fecha-os e deixa-os arrefecer virados para baixo.

* Cozes as cascas e os caroços em água abundante, deixando reduzir a água para metade. Coas o líquido, com um coador fino ou um pano, e espremes. Medes o líquido. Se não tiveres os 2 l de sumo de maçã o segredo é usar 1 kg de açúcar por cada litro de sumo, mas podes fazer como eu, que "roubei" um bocado no açúcar para não ficar tão doce.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Beringela

No regresso às aulas, uma caixa nova de lápis de cor fazia-me acreditar num mundo melhor. Ficava seduzida pelos bicos de carvão perfeitamente alinhados e sentia-me encantada com as cores contidas num pequeno rectângulo de lata. Muitas vezes via nos lápis de carvão um beijo suave da Mãe Natureza, que derramava dos seus lábios as suas cores vibrantes.

Claro que havia cores mais interessantes do que outras e algumas atraiam o meu olhar como um íman... O beringela sempre foi uma dessas cores! Só tenho pena do sabor da beringela não ter o mesmo magnetismo que a sua cor.

Todos os anos, enquanto os mais novos começam a pensar no regresso à escola, eu penso como é que vou fazer as beringelas que a C. me vai trazer e interrogo-me se esse será o ano em que vou aprender a gostar delas. Já experimentei recheada, salteada e em patê. Ontem foi a vez de as grelhar e misturar, em pequenos pedaços caramelizados, num risotto de cogumelos.

Mantive a esperança até à última garfada, mas no final fiquei triste por ainda não ter sido desta que o sabor e textura da beringela me conquistaram. Talvez para o ano seja diferente, quem sabe...

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Sumo de Tomate, Morango e Pêssego

Amores de Verão num copo! E só meus, já que não dividi este líquido precioso com ninguém... Incrivelmente delicioso, transmite o que a fruta fresca tem de melhor. Sim, porque o tomate também é fruta!

Para 2 pessoas
- 300 g de tomate maduro, sem pele e sem sementes
- 150 g de pêssego, sem pele
- 150 g de morangos
- 150 g de açúcar
- 1/2 vagem de baunilha
- sumo de 1 laranja
- 4 folhas de manjericão

1. Num tacho coloca os morangos, arranjados e cortados ao meio, o açúcar, as sementes de baunilha e o sumo de laranja. Leva a lume fraco até o açúcar se dissolver.

2. Num copo misturador, junta o tomate e o pêssego grosseiramente cortados, a calda de morangos e a folha de manjericão. Passa tudo com a varinha mágica e leva ao frigorífico. Serve bem fresco, numa tarde de Verão.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Batido de Amora e Pêssego

A fruta exposta nas bancas da praça era fresca, mas o sol ardia na pele. Num dia quente como este só apetece deitar ao comprido na relva ou megulhar no mar. Para apaziguar o calor, fizemos um batido de amoras e pêssego, usando as frutas acabadas de comprar. 

Para 2 pessoas
- 2 pêssegos
- 250 g de amoras
- 1 iogurte de coco
- 2 medidas de iogurte de leite

Num copo coloca o pêssego cortado em pedaços, as amoras e o iogurte. Tritura com a varinha mágica. Adiciona o leite e mistura. Serve fresco a acompanhar uma salada leve ou sozinho, a anteceder um mergulho no mar.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Chutney de Mirtilos

É tempo de começar a guardar em frascos as doces memórias do Verão, que nos agracia com uma enorme quantidade de fruta sumarenta. A nós não nos faltam frascos nem fruta, falta-nos é tempo. É que os dias quentes, os mesmos que nos trazem a fruta, gritam por instantes passados lá fora, a aproveitar o sol.

E, mesmo reservando uma boa parte do tempo passado em casa à conservação dos sabores únicos do Verão, não há meio de me ver livre dos frascos acumulados. Eu bem queria que eles desaparecem-se, mas parece que a montanha fica maior a cada dia que passa. Até ando desconfiada que eles se reproduzem quando viro costas... É a única explicação que encontro!

Para contrariar esta reprodução assexuada, meio quilo de mirtilos de Sever do Vouga foi parar a um frasco, transformado em chutney e agora guardado no frigorífico. O chutney é excelente para acompanhar carne de porco e lembranças do Verão.

Para 1 frasco
- 1 cebola média, picada
- 500 g de mirtilos
- 125 ml de vinho do Porto
- sumo de 1 limão
- 1 c. de sopa de açúcar amarelo
- 250 ml de água
- 1 pau de canela
- azeite
- sal

1. Num tacho refogar a cebola em azeite, até estar translúcida. Adicionar os mirtilos e envolver no refogado. Juntar o vinho do Porto, a sumo de limão, o açúcar amarelo, o pau de canela e a água. Temperar com sal e deixar reduzir durante 1h30 (pode ser mais um bocado, eu já não me lembro bem porque me distraí na conversa com as minhas irmãs, enquanto comiamos uma compota picante que trouxe das Caldas!).

2. Quando tiver atingido a consistência desejada, verte o chutney para um frasco e deixa arrefecer com o frasco virado para baixo. Acompanha o chutney com carne de porco e salada.

sábado, 28 de julho de 2012

Maratona

Caldas da Rainha, norte da região Oeste. É aqui que se encontra a maior concentração de ingredientes de sabor autêntico do país, quem sabe do mundo, e isso reflecte-se na qualidade da restauração. No final de uma manhã passada a comprar fruta e legumes na praça, esperava-nos uma refeição magnífica no Maratona. O restaurante é moderno e cosmopolita e, passando os olhos na carta, é impossível não virem à memória imagens de Itália... O menu é claramente de inspiração mediterrânica e inclui tempura de camarão e cogumelos, queijo de cabra assado, trouxas de frango, filet mignon, diferentes bifes e hamburgueres, caril de camarão, lombo de bacalhau confitado, massas e risottos. Tudo delicioso e com nomes originais!
Nesta segunda visita, começámos com uma couvert simples composta por azeite, manteiga (que varia conforme o dia) e pasta de azeitona para barrar no pão, enquanto esperávamos pelas bochechas de porco com novelo de batata frita e pelo risotto de pato com frutos secos. O final foi feliz, num sítio destes só podia, eu com um cheesecake desconstruido e o Miguel com um gelado.
Maratona
Praça 25 de Abril, n.º15 (perto da igreja)
2500-110 Caldas da Rainha
Tel.: 262 841 483
Preço médio: 20€/pessoa (com bebidas, mas sem ser vinho)

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Salada de Agrião e Rebentos

Andávamos a passear pelo Mercado das Caldas da Rainha, a tentar decidir se jantávamos em casa ou fora, quando o Miguel dá de caras com a banca dos rebentos da Hortazul. Jantar resolvido logo na hora! Em casa, uma salada simples com os rebentos, a acompanhar uns escalopes temperados apenas com umas pedras de sal. Um jantar levezinho, perfeito para um dia de Verão, com ingredientes frescos e deliciosos.
- mistura de rebentos (girassol, alfafa, feno grego, lentilhas)
- folhas de agrião
- sumo de laranja
- raspa de limão
- azeite
- sal

Prepara as folhas de agrião e lava-as bem em água corrente. Numa tigela mistura o agrião com os rebentos. Tempera com um fio de azeite, sumo de laranja, raspas de limão e sal.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Ameixas Assadas

Bom dia, era o que dizia o perfume que chegava até nós, vindo do cesto de ameixas colhidas ontem. E nada podia ser mais perfeito para iniciar o dia, ganhando uma alma nova a cada colherada!

Para 4 pessoas (adaptado de agoisfoto)
- 6 ameixas
- 2 hastes de tomilho-limão
- 4 c. sopa de açúcar baunilhado
- 2 c. sopa de manteiga
- iogurte grego ou natural
- granola

1. Pré-aquece o forno a 180ºC.

2. Corta as ameixas ao meio e retira-lhes o caroço. Coloca as ameixas num pirex, com a pele virada para baixo. Por cima das ameixas mistura o tomilho-limão, o açúcar e a manteiga em pequenos pedaços. Leva ao forno e assa durante 20-30 minutos, até a fruta estar tenra. Retira o tomilho-limão.

3. Serve com iogurte e granola, a acompanhar um BOM DIA!

sábado, 30 de junho de 2012

Gelado de Mirtilo e Framboesa

Um dia o meu pai chegou a casa e estava uma cabra prenha no quintal. De início ninguém achou piada à ideia da cabra a passear pelo quintal, mas entretanto nasceu o cabrito e tudo mudou, pelo menos para mim...

Uma semana depois de nascer o Nada (assim baptizado pela G.) fui aos meus pais com a minha afilhada para ela brincar com o cabrito e os pintainhos. Foi uma verdadeira alegria! O entusiasmo dela contagiou-me e voltar ao quintal fez-me perceber que era hora de regressarmos à terra e planearmos o quintal de maneira a incluir a cabra. Nessa tarde também descobri que o cabrito só mamava duma teta e que o meu pai andava a deitar o leite da outra para a terra. Que desperdício... Pesquisei e descobri um sem número de possibilidades para o leite de cabra, algumas já ancestrais e conhecidas pela rainha Cleópatra, mesmo não sendo concensual se no seu banho era usado o leite de cabra ou o leite de burra.

Para conseguir aproveitar este líquido só tinha de saber quais os passos correctos para ordenhar a cabra e como fazer para pasteurizar o leite (para receitas em que o leite tenha de coalhar não se pode ferver o leite - ultrapasteurização).

Para ordenhar a cabra:
- limpar as tetas com água morna e umas gotinhas de líxivia. Secar bem com um pano ou uma toalha;
- deitar fora os dois primeiros esguichos, para ajudar a livrar de algumas bactérias;
- ordenhar o leite para uma taça;
- tapar a taça, coar imediatamente o leite e fervê-lo (no caso de não precisares do leite pasteurizado, como acontece com esta receita).

A primeira ordenha foi feita a três e foi bastante atribulada, principalmente quando o Nada achou por bem ir mamar enquanto estávamos a tentar tirar o leite à sua mãe.

Apesar de andar fascinada com este leite ainda não me sinto com coragem de o beber. O Miguel diz que tem um sabor muito intenso e que eu não vou gostar. Por isso, para primeira experiência decidi misturá-lo com coisas que eu gosto. Fiz estes sorvetes usando uma medida de leite de cabra e três de iogurte. O resultado final ficou muito bom, mas sabia demasiado a iogurte grego, mascarando assim todos os outros ingredientes. Por isso reduzi as quantidades de iogurte na receita. O copo de café acaba por dar uma dose muito grande por isso podes partilhar o gelado ou então usar copos de shot.

Para 6 gelados
- 1 copo de iogurte grego
- 1 copo de leite de cabra
- 1 copo de mirtilos
- 1 copo de framboesas
- 4 c. sopa de açúcar baunilhado
- sumo de 1 limão

- 6 copos de café (de plástico)
- 6 palitos

1. Numa taça mistura o iogurte, o leite e as frutas. Com a varinha mágica tritura as frutas. Adiciona o sumo de limão e o açúcar. Mistura tudo muito bem. 

2. Verte o líquido para os copos de plástico. Tapa os copos com folha de alumínio e espeta o palito no centro. Leva ao congelador até o gelado ficar sólido. 

terça-feira, 26 de junho de 2012

Tarte de Limão e Framboesa

"Uma nêspera estava na cama, deitada, muito calada, a ver o que acontecia.
Chegou a Velha e disse: olha uma nêspera e zás comeu-a!
É o que acontece às nêsperas que ficam deitadas, caladas, a esperar o que acontece."
Mário-Henrique Leiria

Quando nos deixamos ficar deitados, calados, à espera do que acontece sujeitamo-nos a perder as oportunidades e ver a vida passar-nos ao lado... Acontece às nêsperas e às pessoas também, mas não foi o que aconteceu aos limões do nosso limoeiro. Mesmo estando calados, à espera que ninguém desse por eles, foram apanhados e transformados em tarte (Gourmande in the Kitchen). Mas não foi uma tarte solitária, tiverem por companhia o doce de framboesa, que intensificou a acidez do limão. Para a próxima temos de pensar noutra companhia, uma que contraste com essa acidez e dê alguma doçura à tarte. Talvez doce de morango.
Para 8 a 10 fatias
- 1 embalagem de massa quebrada
- 4 ovos, à temperatura ambiente
- 150 g de açúcar
- 100 ml de sumo de limão
- 100 ml de natas
- 1 frasco de doce de framboesa

1. Forra uma forma de tarte, de fundo amovível, com a massa quebrada, à medida da forma. Coloca um pouco de papel vegetal por cima da massa e cobre com feijão seco, para a massa não empolar. Enquanto fazes o recheio leva a massa a cozer no forno a 190ºC durante 8 a 10 minutos. Retira o feijão seco e o papel vegetal. Reserva.

2. Numa taça bate ligeiramente os ovos. Adiciona o açúcar e o sumo de limão. Mistura tudo até os ingredientes estarem bem combinados. Junta, lentamente, as natas e mistura até estarem bem incorporadas.

3. Verte o recheio para a tarte previamente cozida e leva ao forno para cozer durante 20 minutos ou até o recheio estar cozido e apenas ligeiramente cru no centro. Retira do forno e deixa arrefecer.

4. Aquece o doce de framboesa no microondas, até começar a ficar líquido. Espalha o doce uniformemente por cima do recheio de limão. Leva ao frigorífico até à hora de servires.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Bacalhau à Gomes de Sá

Será que alguém se esqueceu de avisar o Verão que amanhã é dia de ele vir?!?! Por favor, alguém o notifique! Gostava de acordar amanhã com um Sol tão amarelo e resplandecente como este bacalhau à Gomes de Sá...

Para 2 pessoas
- 300 g de bacalhau desfiado
- 4 batatas pequenas
- 2 ovos cozidos
- 1 cebola média, cortada em meias-luas
- 2 dentes de alho, picados
- 1 folha de louro
- azeite
- sal
- salsa picada
- azeitonas pretas

1. Numa panela com água e sal coze as batatas com a pele. Depois de cozidas deixa-as arrefecer. Descasca-as e corta-as em quartos. Na mesma água das batatas, coze os ovos e corta-os em rodelas. Reserva.

2. Corta a cebola em meia-luas e pica os dentes de alho. Refoga num wok com bastante azeite e a folha de louro, até a cebola começar a alourar. Tempera com sal e junta o bacalhau desfiado. Quando o bacalhau estiver cozinhado, junta as batatas e deixa os sabores envolverem-se bem. Retira a folha de louro.

3. Dispõe a mistura numa telha ou num tabuleiro de ir ao forno. Rega com azeite. Leva ao forno pré-aquecido a 200ºC, até o azeite estar a borbulhar.

4. Termina com as rodelas de ovo, a salsa picada e as azeitonas pretas. Serve quente.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Bruschetta de Puré de Ervilhas e Requeijão

Houve um tempo em que não gostava de ervilhas. Quando andava no infantário, normalmente era a última a sair da mesa e lembro-me de esperar estar longe da vista das educadoras para pôr as ervilhas nos bolsos do bibe, para depois as deitar na sanita. Não sei se é por ser o mês da criança ou por a minha mana "pequenina" fazer anos, mas hoje tenho sentido uma enorme vontade de voltar a esses tempos, quando a J. adormecia no meu colo, com o bater do meu coração. Vontade de voltar aos dias em que acreditava que os dragões protegiam as princesas e sonhava percorrer o universo numa nave espacial...

- fatias de pão caseiro ou de Mafra
- alho
- azeite
- sal fino
- ervilhas, cozidas
- manjericão
- queijo da ilha
- sumo de limão

1. Torra as fatias de pão numa torradeira até estarem marcadas dos dois lados. Retira-as da torradeira e esfrega um dente de alho cortado ao meio, rega com um fio de azeite e polvilha com sal.

2. Num 1,2,3 tritura as folhas de manjericão com as ervilhas, até obteres um puré granuloso. Junta o queijo da ilha ralado e mistura com uma colher. Adiciona um fio de azeite e sumo de limão. Barra as bruschettas com o puré de ervilhas, dispõe o requeijão desfarelado por cima e polvilha com sal.

domingo, 27 de maio de 2012

Salada de Meloa e Presunto

Há fotografias que me enfeitiçam. A última a ter esse efeito foi a do coração de pavlova que fiz para o dia da mãe. Ele conta-me uma história, transmite-me paz! Depois do coração de pavlova, as minhas fotografias não andavam a contar nenhuma história ou se contavam era uma história apagada e sem vida... As saborosas bochechas de porco no forno, feitas para um jantar de semana com a família, tinham o mesmo aspecto que comida para cão. Os pasteis de salmão e batata doce, para aproveitar o salmão que trouxemos de casa do C. depois da experiência de um jantar asiático, pareciam insípidos e sem cor. 

Começava a pensar que estaria condenada a não conseguir voltar a dar vida aos pratos que fazemos, quando pensei que uma salada talvez pudesse ajudar a resolver o problema... Não ficou nenhuma obra prima, mas pelo menos ficou publicável e dá para sonhar que um dia voltarei a ser seduzida pelas minhas fotos.

- meloa, em fatias
- presunto, em fatias finas e sem a gordura
- requeijão
- folhas de manjericão
- azeite de limão
- sal

Com as mãos corta em pedaços a meloa, o presunto, o requeijão e o manjericão. Tempera com azeite e sal. Mistura bem e serve num dia enevoado, enquanto sonhas com a vinda do Verão.

sábado, 5 de maio de 2012

Pavlova de Framboesa e Pistácio

Para mim o Dia da Mãe, e o do pai também, não é amanhã, mas sim no dia do meu aniversário. Foi nesse dia maravilhoso que eles se tornaram pai e mãe, até lá eram um homem e uma mulher! Claro que com isto quem ganha são eles, que recebem prenda duas vezes, das minhas irmãs nos dias "normais" e depois noutro dia minha. Quem fica a perder sou eu, que não posso dividir prenda com as maninhas e tenho que pensar sozinha no que oferecer... É por este motivo que normalmente não ligo muito a estes dias, mas este ano é diferente. É o primeiro Dia da Mãe da minha irmã,  reunindo três gerações de mães à mesa!
Para as mães da nossa família e para todas as mães do mundo deixamos uma sugestão muito doce (The Kitchy Kitchen), em forma de coração...

Para 8-10 pessoas
- 4 claras de ovo
- 220 g de açúcar baunilhado
- 2 c. de sopa de maizena
- 1 c. de chá de vinagre branco

- 200 ml de natas
- 1 c. de sopa de açúcar
- 1 caixa de framboesas
- pistácios
- molho de framboesa*

1. Pré-aquece o forno a 150ºC.

2. Bate as claras até começarem a ficar brancas. Adiciona o açúcar, dividido por quatro vezes, e bate até formarem picos bem firmes e brilhantes. Junta a maizena e o vinagre e mistura com um salazar, apenas o suficiente para incorporar bem a mistura.

3. Num papel vegetal desenha um coração grande! Preenche o coração com  o merengue. No meio faz uma espécie de ninho (coisa que eu não fiz e não correu lá muito bem) para que a pavlova consiga aguentar com o creme.

4. Reduz o forno para 120ºC e leva o coração ao forno durante 1h20. Deixa o coração arrefecer no forno. (O ideal é fazer a pavlova de véspera, para que possa arrefecer com tempo)

5. Bate as natas com o açúcar até formarem picos suaves. Um pouco antes de servires, espalha as natas por cima da pavlova. Encima com as framboesas e os pistácios. Verte o molho de framboesa.

*Mistura meia caixa de framboesas com açúcar e leva a lume médio, durante 5 a 10 minutos. Passa por um coador para retirar as grainhas e deixa arrefecer ligeiramente antes de verteres.

domingo, 29 de abril de 2012

Creme de Ervilhas

Já somos tios e quando olho para a minha sobrinha, nova princesa da família e pequena como uma ervilha, lembro-me do meu conto de fadas favorito, A Princesa e a Ervilha. Sempre fui apaixonada por este conto pois ele era mesmo um conto de fadas, não havia bruxas más, nem ninguém a querer caçar ninguém. Nele apenas existe um princípie que deixa o seu castelo à procura da sua alma-gémea, uma princesa à procura de abrigo no meio da tempestade e uma mãe que quer ajudar o filho a encontrar a felicidade... Era puro e cor-de-rosa! Mostra como por vezes corremos o mundo à procura da nossa felicidade e ela está mesmo à nossa porta, podendo aparecer quando menos esperamos. Também nos fala de como podemos perceber quem é verdadeiramente importante para nós através de pequenas coisas, como a partilha de um creme de ervilhas aveludado.
Para 4 pessoas
- azeite
- 1 cebola, cortada em meia-luas
- 2 dentes de alho, laminados
- 1 c. de café de sementes de erva-doce
- 1/2 c. de café de piri-piri em pó
- sal
- 600 g de ervilhas (frescas ou congeladas)
- 1,5 l de caldo de legumes
- leite (opcional)

- 8 ovos de codorniz, cozidos
- tostas

1. Cobre o fundo de uma panela com azeite. Leva ao lume com a cebola, o alho, as sementes de erva-doce, o piri-piri e o sal. Deixa refogar durante 10 minutos. Adiciona as ervilhas e deixa-as cozinhar durante 5 minutos, para absorver todos os sabores. Acrescenta o caldo de legumes, deixa levantar ferfura e deixa cozinhar durante 15 minutos.

2. Retira parte do caldo para  uma taça. Reserva também algumas ervilhas inteiras. Passa o creme com a varinha mágica. Se tiveres princesas em casa passa o creme por um coador para retirar possíveis cascas que tenham ficado por passar. Se o creme estiver muito grosso acrescenta ou pouco mais do caldo que reservaste ou leite. Rectifica os temperos.

3. Coloca em pratos de sopa e serve com os ovos de cordoniz, ervilhas e tostas.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Bolo de Chocolate e Framboesas

O Miguel completou 30 anos de vida e festejámos com uma "montanha" de chocolate!

No meu último aniversário já tinha tentado fazer este bolo só que não correu muito bem, o bolo ficou demasiado cozido e o creme de mascarpone demasiado líquido. Como desta vez o bolo era para uma data especial tinha que ficar o mais perto possível da perfeição, daí ter acrescentado um ovo à receita original, a amêndoa ao creme para o tornar mais espesso e também as framboesas que ajudam a dar mais estabilidade às camadas. O resultado final agradou bastante e só faltaram mesmo as velas para assinalar a entrada nos trinta...

Creme de Mascarpone
- 2 pacotes (400 g) de natas
- 1 embalagem (250 g) de mascarpone
- 100 g de açúcar
- 50 g de amêndoa moída

Bate as natas até estarem firmes. Adiciona o mascarpone, o açúcar e a amêndoa até ficar uma mistura homogénea. Leva ao frigorífico durante mais ou menos 3 horas, para ter a consistência desejada para barrar.

Ganache de Chocolate
- 200 g de chocolate, partido em bocados pequenos
- 150 ml de natas

Coloca os bocados de chocolate numa taça resistente ao calor. Leva as natas ao lume e aquece-as até começarem a ferver. Retira do lume e verte por cima do chocolate. Deixa repousar durante 1 minuto e mexe até teres uma mistura homogénea.

Bolo de Chocolate
Acrescenta um ovo a esta receita. Em vez de uma forma de fundo amovível utiliza uma forma de mola (o bolo fica mais "direito" e mais alto). Deixa o bolo arrefecer antes de o retirares da forma. Divide o bolo em três camadas.

Montagem
- doce de framboesa
- framboesas frescas
- raspas de chocolate

Coloca a base do bolo num prato de servir. Espalha o doce de framboesa e a seguir o creme de mascarpone na primeira camada de bolo. Junta uma mão-cheia de framboesas por cima do creme. Cobre com a segunda camada de bolo e repete o recheio. Cobre com o topo do bolo e espalha a ganache de chocolate e decora com mais framboesas e raspas de chocolate. Leva o bolo ao frio até à hora de servir.

sábado, 7 de abril de 2012

Salada de Espargos e Ervilhas

Abençoada chuva de Páscoa que veio regar os espargos do nosso quintal e assim "ajudá-los" a ganharem corpo. Os espargos foram plantados há muitos anos pelo meu avô e, devido ao antigo domínio das silvas, a minha avó já os dava por perdidos. Foi com muita alegria que ela os descobriu compridos e fininhos lá no meio do quintal, mas ainda fraquinhos para serem colhidos. Enquanto esperamos por eles vamos-nos enganando com os espargos de supermercado, nesta salada luminosa tirada do livro "As Voluptuosas Receitas de Miss Dahl", de Sophie Dahl, um livro cheio de pratos descomplicados!

Para 2 pessoas
- 2/3 de molho de espargos
- 1 chávena de chá de ervilhas, congeladas
- 1 mão-cheia de rúcula
- 1 ramo de hortelã fresca, picada
- 2 c. de sopa de azeite
- 2 c. de sopa de sumo de laranja
- 1 c. de chá de mel
- sal
- 50g de queijo da ilha, cortado em lascas

1. Coloca as ervilhas num tacho com água a ferver e sal e deixa-as ferver durante 5 minutos. Adiciona os espargos e deixa-os ferver durante 2 minutos. Escorre e lava bem com água fria.

2. Numa pequena taça mistura o azeite, com o sumo de laranja, o mel e o sal. Mexe bem até o mel de dissolver no líquido.

3. Coloca as pontas dos espargos e as ervilhas numa pequena saladeira e junta a hortelã e arúcula. Deita o molho e envolve bem as verduras. Adiciona o queijo.

$. Serve simples ou a acompanhar uns lombinhos grelhados.

sábado, 31 de março de 2012

Macarons de Chocolate

quase tão trabalhoso como conseguir o macarron perfeito.
Já queria experimentar fazer macarons há uns anitos, mas como parecia que uns singelos macarons tinham tanta ciência como uma equação de Schrödinger fui deixando-os na gaveta. No inicio do mês decidi que era altura de lhes dar uma hipótese e tenho sentido o mesmo fascínio por estes pequenos biscoitos de amêndoa, como o que sentia, nos meus tempos de estudante de física, pela teoria da relatividade de Einsten, fractais, poços de potencial ou equação de Schrödinger.
tal como com os macarons, no inicio não se acerta logo com o resultado,
mas a prática leva-nos lá.
Iniciei a confecção dos macarons como quem resolve uma equação... Primeiro analisa-se o problema (ou seja, ler a receita), de seguida faz-se uma lista dos dados e das variáveis (leia-se, mise-en-place) e depois então começa-se a resolver o problema (neste caso, mãos à obra e macarons para o forno). Em física enquanto não conseguia resolver um qualquer exercício andava com ele às voltas até chegar à solução. Enquanto isso não acontecesse andava com as folhas dos livros para trás e para a frente, na esperança de descer sobre mim uma inspiração divina. Chegava a sonhar com os exercícios e houve até uma vez que cheguei a sonhar com a solução para o exercício, acho que era mesmo a equação de Schrödinger, e rabisquei-a meia a dormir num papel. Claro que quando acordei, o que tinha gatafunhado não me deixou mais perto de resolver a equação...
Com os macarons passa-se mais ou menos a mesma coisa. As variáveis para conseguir O Macaron perfeito são quase tantas como as da equação de Schrödinger e há duas noites sonhei que trabalhava na Ladurée de Saint-Germain de Prés! Claro que quando acordei a realidade era outra e ainda não tinha conseguido fazer uns macarons em condições.
Os primeiros que fiz tinham o tão desejado pé, mas devido ao tempo excessivo a descansar estalaram todos e o sabor não era aquela delicia que se espera. Na segunda tentativa já consegui que ficassem deliciosos, só que perdi o pé (descansaram pouco tempo) e continuei sem obter uns biscoitos agradáveis à vista. Acho que me está a faltar mesmo um Pai Nosso e uma Avé Maria para ver se entra alguma inspiração divina no forno.

Para 20 Macarons
Ganache de Chocolate (retirado de London Eats)
- 200 g de chocolate, partido em bocados
- 130 g de natas
- 25 g de açúcar baunilhado
- 38 g de azeite de baunilha

1. Coloca os bocados de chocolate numa taça à prova de calor.

2. Aquece as natas e o açúcar num púcaro. Deixa ferver durante 30 segundos e verte sobre o chocolate. Deixa repousar durante 1 minuto e mexe até que a mistura fique lustrosa e homogénea. Deixa a mistura arrefecer ligeiramente e adiciona o azeite baunilhado, mexendo constantemente.

3. Leva ao frigorífico enquanto fazes as conchas.

Conchas (retirado de David Lebovitz)
- 100 g de claras de ovo, à temperatura ambiente
- 50 g de amêndoa em pó
- 100 g de açúcar em pó
- 25 g de cacau em pó
- 65 g de açúcar granulado

1. Marca 20 círculos de 3 cm de diâmetro e separados 3 cm em duas folhas de papel vegetal. Coloca as folhas num tabuleiro de forno, com os círculos virados ao contrário. Num copo alto prepara um saco de pasteleiro.

2. Começa por peneirar a amêndoa, o açúcar em pó e o cacau em pó para uma taça. Mistura bem os três pós num 1,2,3 para garantir que fica tudo bem misturado e fininho.

3. Numa taça bate as claras até começarem a ficar em castelo. Junta o açúcar granulado e bate as claras até ficarem bem firmes e ganharem a consistência de merengue.

4. Com um salazar mistura cuidadosamente os ingredientes secos, em duas vezes, às claras batidas. Quando a mistura estiver suave pára de misturar e passa-a para o saco de pasteleiro e "fecha" o saco com uma mola para sacos (assim prevines que o creme saia por cima se te distraires, que foi o que me aconteceu da primeira vez).

5. Espreme o saco de pasteleiro e preenche os círculos que desenhaste. Bate com o tabuleiro na banca para retirar o ar dos macarons e deixa-os descansar durante 30 minutos. (Entretanto pré-aquece o forno a 150ºC). Passado esse tempo leva-os ao forno durante 15-18 minutos. Retira do forno e deixa-os arrefecer completamente antes de os retirares do tabuleiro.

Quando a ganache estiver a ficar firme, mas ainda ligeiramente fluída, passa metade para um saco de pasteleiro (guarda a outra metade no frigorífico para outra fornada). Cobre uma concha de macaron com a ganache e coloca outra concha por cima, como se fosse uma sandes. Espera pelo dia seguinte para saboreares e apreciares a tua obra de arte (ou não).