quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ourense

No fim-de-semana fomos passear até Ourense. Por coincidência calhou irmos num fim-de-semana cheio de festas. Nas ruas e praças da zona histórica da cidade tínhamos o VII Mercado Medieval, incluído nas Festas Ourense 2011. Na vila de Allariz, a cerca de 20 km de Ourense, decorria a Festa do Boi. A única coisa que não ajudou a nenhuma das festas foi o calor que se fazia sentir naquele vale da Galiza e que só deu para suportar graças aos banhos nas termas.
Desde que foi para Ourense de Erasmus a minha irmã J. não falava doutra coisa se não das termas e nós estávamos um bocado curiosos. Quando de manhã saímos a correr de casa para apanhar o comboio turístico (0,78€ bilhete de ida, mais ou menos 40 minutos de viagem) nunca sonhavamos que íamos encontrar um pequeno paraíso. O ambiente das termas é muito zen, não só por causa das suas águas mas também por toda a envolvente verde. Os pequenos jardins que temos de percorrer até chegar às "piscinas" de água quente ou fria, as árvores que fornecem sombra em dias de calor e o rio Minho que corre aos nossos pés são os ingredientes perfeitos para atingir um estado de puro relaxe. Infelizmente naquele dia não tinhamos muito tempo para os banhos, mas ainda assim deu para nos refrescar naquelas águas fantásticas e no espaço público muito bem cuidado.
De volta à cidade e ao calor recuámos no tempo numa das barracas do Mercado Medieval. O cheirinho que vinha do grelhador era inebriante e os contrastes de cor entre os tons castanhos e o verde vivo dos pimentos padrão também eram muito chamativos.
Aproveitando a sombra debaixo das arcadas  comemos uns ossos que estavam muito bons, mais umas salsichas frescas, tudo acompanhado de batatas fritas. Depois de almoço eramos para ir ver as tendas de artesanato, mas esquecemo-nos que aqui nesta parte do mundo existe uma coisa chamada sesta e por isso não havia nada aberto. Como em Roma sê romano, a seguir a um gelado fomos para casa dormir uma sesta e devido ao calor (40ºC à sombra) cancelámos os planos da tarde de ir ver as corridas de bois.
À noite e ainda com 35ºC na rua fomos até Allariz, para jantar na Festa do Boi, uma celebração já antiga, que foi recuperada no ano de 1983, onde se vê muita gente a cair de bêbeda. Tirando isso o ambiente da festa é alegre e a pequena vila é muito bonita, toda em pedra e de ruas estreitas. Fomos à procura de um sítio para comer, mas não estava fácil... As bodegas estavam todas a abarrotar e decidimos ir procurar um sítio no meio da feira, o que se revelou uma má opção, já que para esses lados a comida não era grande coisa, sendo que a carne estava basicamente crua. Mas nem tudo era mau, num evento que dá pelo nome de Festa do Boi o melhor que se conseguia comer era polvo cozido.
Os pratos de polvo que viamos passar tinham um aspecto delicioso e como tinhamos ficado desconsolados com a carne fui para a fila do pulpo.  Apesar da longa fila, a espera valeu a pena e consolámo-nos com a iguaria simples de polvo cozido, apenas temperado com sal, piri-piri e azeite. Quem também se ía consolar por lá era a ASAE, visto que as condições de higiene e de conservação dos alimentos eram inexistentes. A carne estava guardada em várias geleiras, a levar com o calor dos grelhadores. O polvo era cozido numa panela gigantesca no meio dos caminhos de passagem (aos Domingos é possível ver destas panelas nas ruas de Ourense) e a senhora que estava a cortar o polvo, que saía directamente da panela por baixo da tábua de cortar, era a mesma que recebia o dinheiro e nos dava o troco, tudo isto sem lavar as mãos uma única vez!
Para terminar o fim-de-semana em beleza voltámos às termas, mas desta vez para passar lá o dia todo. Primeiro banhos, depois sandocha de atum à sombra das árvores, seguida de sesta, mais banhos nas piscinas, leitura à sombra e contemplação do espaço. Por outras palavras, não fizemos nada, foi só descansar e ganhar forças para o regresso a casa e para mais uma semana de trabalho... 

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