quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Genius Barcelona

Alguém por aí anda a planear uma ida a Barcelona? À procura de um hotel ou de um sítio para repousar entre uma obra de Gaudí e outra? Estás cheio de sorte! Hoje, Dia Mundial do Pão, temos um espaço de fazer crescer água na boca. Bem no bairro modernista da cidade, assim coladinho à La Pedrera e a uns metritos da Casa Batlló, alguém teve a ideia de génio de abrir um hotel, com uma padaria no lugar da recepção. Uma recepção como destino e não apenas como local de passagem.
Este hotel, a par das obras de Gaudí e de uma gelataria em Barceloneta, faz-nos querer voltar a esta cidade criativa. Já imaginaste como deve ser aconchegante despertares num quarto de hotel, assim num dia chuvoso, e sentires o cheiro a pão quente ainda na cama? Como te deve aquecer a alma, poderes refugiar-te nesta padaria entre uma visita à Casa Batlló e à Casa Milá? Ou antes de seguires em frente até à Sagrada Família e ganhares forças para subir às suas torrres? Podes parar para tomar o pequeno-almoço, para almoçar ou para lanchar. Podes passar a correr ou aproveitar para descansar, enquanto observas a dedicação dos padeiros a amassar o pão. 
Parámos no Praktik Bakery Hotel depois de admirarmos toda a genialidade de Gaudí na La Pedrera. Foi uma visita para comprar pão para uma sandes, com o presunto que tínhamos comprado no dia anterior. Aproveitámos para tomar um café e um granizado, enquanto desfrutávamos do encanto especial da recepção. Num ambiente industrial, o hotel mistura o minimalismo nórdico com a geometria dos azulejos mediterrânicos e, por instantes, faz-nos esquecer que estamos no distrito frenético de L'Eixample.
Hotel Praktik Bakery
Carrer de Provença, 279

Casa Batlló
Passeig de Grácia, 43
Metro: Passeig de Grácia (L2, L3, L4)

Casa Milá
Carrer Provença, 261-265
Metro: Diagonal (L3, L5)

La Sagrada Família
Carrer Marina
Metro: Sagrada Família (L5)

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Papelote de Peixe Branco


sem maquilhagem: filete de pescada com ervas aromáticas

Setembro é, por natureza, um mês de recomeços e de mudanças. Para mim ainda mais, porque é o mês do meu aniversário. É aquela altura do ano em que acho que devo finalmente ser adulta e mudar a minha forma de vestir. É a altura do ano em que penso que, se calhar, já não tenho idade para as calças de ganga e as sweats e a cara lavada. Por conta desse pensamento tenho guardada, praticamente nova, uma caixa de sombras, para fazer uns smokey eyes de morrer, da Channel, que custou os olhos da cara. É a altura do ano em que penso que se as outras conseguem porque é que eu não hei de conseguir também?

Maquilhagem "parece que levaste um murro": filete de pescada com ervas aromáticas, lima e curgete

Normalmente a coisa até começa bem, mas a verdade é que muitas mudanças têm dificuldade em sequer ultrapassar Outubro, a maioria, se não a totalidade, nem chega ao Natal. Acho que o meu erro era querer mudar tudo de uma vez, passar da água para o vinho. Passar logo dos ténis para os saltos altos, das calças de ganga para as calças vincadas, da cara ao natural para o rímel, as sombras e os bâtons. No Verão, com a leitura do livro A Força do Hábito, descobri que "amontoar tantas mudanças de uma só vez tornava impossível que sequer uma delas pegasse". Este ano a minha arma secreta vai ser mudar uma coisa de cada vez, sem nunca mudar o meu estilo - confortável, sempre confortável e descontraída - mas conseguir um toque de feminilidade. 

Maquilhagem "quero uns smokey eyes como os dela": cubos de tamboril, com ervas aromáticas, laranja e pistácio

Às vezes basta uns pozinhos de perlimpimpim para tudo ficar diferente. Ninguém me vai ver a trocar os meus amados ténis por uns saltos, mas trocarei com todo o gosto por uns slip on, muito na moda este ano ou por uns blucher, que já tenho em preto mas pretendo comprar mais uns noutra cor. O problema da maquilhagem não é só o trabalho que aquela porcaria dá, é que eu não tenho jeitinho nenhum para a coisa e, por isso, acabo por preferir uma cara limpa do que uns olhos com sombra mal espalhada. Mas vou ver se também começo com baby steps, baby. Talvez o verniz nas unhas, que adoro ver e não é preciso pintar todos os dias, e o rímel, que não é assim tão dificil de pôr e dá logo outro ar...

Por cada envelope (adapatado de Ricardo Cuisine)
- 1 rectângulo de papel vegetal, grande o suficiente para fazer um envelope
- 2 filetes de pescada grandes ou 4 cubos de tamboril
- 1/2 laranja
- 1 mão-cheia de pistácios, grosseiramente picados
- 1 fio de azeite
- sal e pimenta

1. Pré-aquece o forno a 210ºC.

2. Por cima de uma taça, corta a laranja em gomos, sem pele e reserva o sumo que a laranja largar.

3. Coloca o peixe por cima do papel vegetal. Tempera com sal e pimenta. Cobre com os gomos de laranja e rega com um fio de azeite e o sumo de laranja. Polvilha com o pistácio e fecha o papelote, de maneira a ficarem bem selados. Leva ao forno durante 15 a 20 minutos e serve com puré de batata.

domingo, 17 de agosto de 2014

Festival do Bacalhau

O bacalhau quer alho, azeite e todo um festival, com tasquinhas e concertos, em seu nome e da tradição que levou tantos homens a partir do cais rumo aos mares gelados do Canadá e da Terra Nova.
Tens dez associações à escolha, cada uma apoiada pela sua empresa de bacalhau, e toda uma variedade de bacalhau. À Brás, à murro, pasteis, pataniscas, caras, choras, à chefe, à Gomes de Sá, línguas, caras, punhetas... Bacalhau ao gosto do fregués, quase sempre regado com um fio de azeite. Hoje é o último dia e a melhor maneira de evitares a espera, enquanto vês os outros a molhar o pão de Vale de Ílhavo no azeite do bacalhau, é ires bem cedo, tipo para almoçar hoje devias estar a chegar mesmo agora, ou então ir depois das duas da tarde. Para jantar com pouca confusão o melhor é chegares às sete.


quarta-feira, 30 de julho de 2014

Trufas de Chocolate Branco e Coco

Já repararam que a praia ainda não cheira a coco?! É dificil de acreditar, mas a verdade é que estamos a chegar a Agosto e o cheiro dos protectores solares ainda não invade as nossas narinas...  

Para 42 bolinhas (livro Flagrante Delícia)
- 300 g de chocolate branco
- 150 ml de leite coco
- 75 g de manteiga amolecida
- 75 g de coco ralado
- coco ralado prar cobrir

1. Enquanto levas o leite de coco a ferver, corta o chocolate em pedaços pequenos. Verte o leite de coco quente sobre o chocolate, mexendo cuidadosamente com uma colher para não incorporar ar.

2. Quando o chocolate estiver derretido, mistura a manteiga com cuidado e, por fim, o coco ralado. Tritua tudo, com a varinha mágica, sem incorporar ar. (A ganache deve ficar lisa e brilhante, sem gordura à superfície.) Tapa a ganache com película aderente e leva ao frigorífico durante, no mínimo, 8 horas.

3. Numa frigideira anti-aderente tosta parte do coco ralado para cobrir a ganache. Num prato prepara uma mistura de coco ralado normal e coco ralado tostado. Com uma colher de meloa forma pequenas bolas de trufa (aproximadamente 14 g cada) com a ganache. Deixa cair as bolinhas no prato com o coc ralado e envolve bem. Volta a refrigerar durante 1 hora, no mínimo.


sexta-feira, 18 de julho de 2014

Quase Gelado de Framboesa

Em dia de céu cinzento, neste quase Verão...

Para 2 copos médios
- 1 copo de iogurte grego
- 2 copos de framboesas congeladas
- 1 c. de sopa de mel
- suspiros desfarelados

Num copo misturador junta as framboesas, o iogurte e a colher de mel. Reduz tudo a puré. Serve de imediato, polvilhado com uns pingos de suspiro.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Salada de Milho e Tomate

Quando a Primavera começa a chegar ao fim os dias são feitos de churrascos e piqueniques. A toalha é estendida à sombra e a comida salta das geleiras, para poisar em quadrados vermelhos e brancos. Saladas coloridas acompanham coxas de frango, croquetes ou empadas. No fim da refeição as crianças brincam, riem. Os adultos conversam, tiram uma soneca.

- 1 lata de milho doce
- 1 embalagem de tomate cereja
- 1 cebola pequena
- 2 c. de sopa de azeite
- sumo de 1 lima
- tomilho ou manjericão q.b.
- sal

Escorre o milho, corta os tomates em quartos e a cebola em meias-luas. Mistura tudo. Tempera a salada com o sumo de lima, o azeite, as ervas frescas e uma pitada de sal. Serve fresca, com alegria.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Bochechas de Porco

Conhecem a expressão "Está tempo de Feira de Março"? Se isto não vos diz nada, então é porque não são de Aveiro. Tempo de Feira de Março significa muita água e muito vento, tipo o que estamos a ter nos últimos dias, e que se prevê que continue durante mais alguns. Podem estar dias radiosos, mas assim que chega a feira, voltam logo os dias cinzentos. Nem sei porque continuam a insistir em a fazer nesta altura, já que chuva e vento não é muito convidativo para andar de carrosel. Este tempo convida mais a longas horas a bocejar no sofá, coisas quentes e reconfortantes, como assados ou comida demorada no lume, tipo estas bochechas.

O resultado final não foi bem o que eu queria, e por isso a receita não foi logo publicada, mas o distanciamento fez-me perceber que, ainda assim, é um bom prato, que com tempo pode ser apurado...

Para 4 pessoas
- 800 g de bochechas de porco, arranjadas
- 1 garrafa de Corona
- 4 dentes de alho, picados
- 2 folhas de louro
- 1 c. de chá de cominhos em pó
- 1 c. de chá de oregãos
- 1 cebola, cortada em meia-lua
- 2 cenouras médias, cortadas em rodelas
- 1 c. de sopa de massa de pimentão
- 1 l de caldo de legumes
- azeite
- sal

1. De véspera, prepara a marinada. Numa taça coloca as bochechas, os dentes de alho, os comilhos, os oregãos e o sal. Envolve bem a carne e cobre com a cerveja e um fio de azeite. Deixa marinar de um dia para o outro, ou o tempo que conseguires.

2. Num tacho, refoga a cebola em azeite, com uma pitada de sal. Sela a carne. Adiciona a cenoura, a massa pimentão, a marinada e caldo de legumes, até cobrir a carne. Deixa estufar durante 1h30, ou até o molho ter reduzido.

3. Serve as bochechas acompanhadas de puré de batata.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Bolachas de Leite Condensado

Hoje é o dia mundial da poesia. Também é o dia da árvore, mas hoje apetece-me mais a poesia do que as árvores. 

Tinha as fotos da bolacha guardadas há uns dias e andava a pensar se havia de pôr aqui a receita. Entretanto ontem tive uma espécie de epifania, enquanto ouvia a Praça da Alegria. Falavam do dia mundial da poesia e das comemorações do dia. Na altura falavam duma iniciativa do Inatel - "Poesia em Pessoa", amanhã às 15h00 no Largo de São Carlos - e dos elementos simbólicos de Fernando Pessoa. Sendo um desses elementos o bigode, achei que aquele era um sinal para partilhar com vocês a receita das bolachas. Maravilhosas, como o poeta. 

É um cliché, mas a verdade é que gosto muito de Fernado Pessoa. Da verdade das suas palavras. Da forma como a sua mensagem me toca em momentos diferentes da minha vida e como, às vezes, parece que o poeta fala directamente connosco. Como hoje, um dia molhado, depois de tantos dias de sol. Quantos de nós amaldiçoámos a chuva?, como se ela tivesse alguma culpa dos nossos dias cinzentos. Como se os dias de sol fossem, só por si, melhores do que os outros. Os dias são bons ou maus conforme o que neles acontece, não por causa do tempo. O boletim meteorológico, infelizmente, prevê mais chuva para amanhã, o que pode ser uma excelente oportunidade para passar algum tempo no sofá, na companhia de um livro, de poesia ou não.

Para alguns 45 bigodes
- 250 g de farinha
- 1 c. de chá de sal fino
- 80 g de manteiga
- 180 g de leite condensado

1. Numa taça, mistura a farinha com o sal. Junta a manteiga, dividida em bocados pequenos. Com as mãos mistura a manteiga com a farinha, até obteres uma espécie de areia (a farinha deixa de ficar branca e adquire uma cor amarelada). Adiciona o leite condensado. Com as mãos, ou com a ajuda de uma colher de pau, amassa bem até a massa se soltar das mãos. Forma uma bola com a massa, envolve-a em papel filme e leva-a ao frigorífico durante 30 minutos.

2. Retira a massa do frio e pré-aquece o forno a 200ºC.

3. Divide a massa em vários pedaços mais pequenos e estende-os entre duas folhas de papel vegetal. Corta-os em forma de bigode (ou outra forma qualquer. Podes cortar em círculos e fazer uma espécie de sanduíche com compota ou chocolate).Distribui a massa num tabuleiro forrado com papel vegetal e leva ao forno, durante 10 a 15 minutos, ou até as bolachas ficarem douradas.

4. Retira do forno e deixa as bolachas arrefecerem, por cima de uma grelha. Acompanha as bolachas com um copo de leite e um bom livro de poesia.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Risotto Rico de Cogumelos

Cozinhar com cerveja. Isso quer dizer mesmo o quê? Que usamos a cerveja na comida ou que, enquanto estamos a cozinhar, vamos bebericando uma cerveja? E que tal as duas coisas?

Juntar uma sout a um risotto simples de cogumelos, torna-o muito mais rico e mais cremoso. Ao usar o wok para fazer o risotto, também ajudas a aumentar essa cremosidade, já que ao não mexeres os grãos eles não perdem a goma.

Para 2 pessoas
- 1 embalagem de cogumelos
- 4 cebolas
- 2 a 3 minis stout
- 2 cháv. de café de arroz arboreo
- 1 l de caldo de legumes quente
- 2 c. de sopa de mascarpone
- azeite
- sal

1. Abre uma mini stout, dá um gole e começa a preparar o risotto. Pica uma cebola e, num wok, refoga-a em azeite, com uma mão-cheia de sal. Quando a cebola estiver translúcida, junta os cogumelos cortados em quartos, ao meio ou inteiros (conforme o tamanho deles). Salteia os cogumelos e vai dando vazão à tua stout. Quando os cogumelos tiverem ganho cor, junta-lhes uma mini stout, que eles também merecem "beber" qualquer coisa. Com o lume alto deixa evaporar o álcool.

2. Mais um gole na mini e entretanto começa a preparar a cebola caramelizada. Corta as restantes cebolas (três) em meia-lua e refoga-as em azeite, com uma mão-cheia de sal. Quando a cebola começar a ficar mole, baixa o lume e deixa a cebola caramelizar (mais ou menos meia hora).

3. De volta ao risotto, abre mais uma mini, se a outra já tiver acabado. Assim que os cogumelos começarem a "perder" o líquido da cerveja, junta o arroz. Envolve os grãos de arroz nos cogumelos, até o interior começar a ficar transparente. Adiciona uma concha de caldo quente. Como estás a cozinhar num wok, poisa a colher de pau e vai mexendo o risotto agitando o wok. Aproveita para ir bebendo da mini e vai pondo um olho na cebola. Espera que o líquido evapore antes de juntares outra concha de caldo quente. Vai adicionando caldo até o risotto estar al dente. Desliga o lume e deixa o risotto repousar durante 3 minutos.

4. Serve o risotto com uma colher generosa de cebola caramelizada e outra de queijo mascarpone, acompanhado de uma mini sout.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Pão de Hambúrguer

Iyi. Daacadnimo. Faitotonú. Ärlighet. Onestitate. Eziokwu. Ausus. Gaskiya. Honestidad. Zintzotasuna. Dürüstlük. Honestedat. Onétete. Goīgums. Kejujuran. Macántacht. Onestà. Ehrlichkeit. Poštenje. Rehellisyys. Ukwethembeka. Honnêteté. Düzlük. Katapatan. Trung thực. Honesty. Uaminifu. Honestecon. Honestatis.

Honestidade. Em pequenos ensinam-nos que é feio mentir e levamos essa lição a sério. Acontece que algures pelo caminho do nosso crescimento a sociedade ensina-nos outra coisa completamente diferente. Mostra-nos que a verdade nem sempre é bem-vinda. Que podemos chegar mais longe com a falsidade. Vivemos num mundo com dois pesos e duas medidas. Ora aponta o dedo à mentira, ora incentiva a arte do engano. Como sabemos o que é melhor a cada momento? A verdade ou a mentira politicamente correcta? Como quando nos oferecem uma prenda que não gostamos, que não usamos ou que não nos interessa para nada. Somos sinceros e dizemos que não gostamos, ou pomos o nosso melhor sorriso amarelo e dizemos que amámos?

Não precisei de pôr nenhum sorriso amarelo quando recebi pelo Natal o livro de onde vem esta receita de pão de hambúrguer, Cozinhar em Casa é Fácil. Amei-o mesmo e calhou mesmo bem. Além de adorar o jeito descontraído da Lorraine Pascale na cozinha, andava a precisar de uma receita de pão de hambúrguer que funcionasse. Já tinha experimentado umas quantas receitas, mas todas sem sucesso. Esta receita do livro funciona na perfeição e vem lá tudo muito explicadinho. Só fica a faltar o hambúrguer!

Para 8 pães de hambúrguer
- 525 g de farinha simples
- 2 c. de sopa de sal fino
- 2 c. de sopa de açúcar amarelo
- 1 saqueta de fermento de padeiro
- 150 ml de leite morno, mais um pouco para pincelar
- 150 ml de água morna
- sementes de sésamo e de papoila

1. Coloca a farinha, o sal, o açúcar e o fermento numa tigela. Faz um buraco no centro e junta o leite e a água, para formar uma mistura macia. Amassa durante 10 minutos à mão. Para saber se a massa está pronta, forma uma bola apertada, depois, usando um dedo coberto de farinha, insere-o na massa. Se a massa saltar imediatamente, está pronta. Num lugar quente, deixa levedar numa tigela, untada com azeite e coberta com película aderente, durante duas horas ou até dobrar o tamanho.

2. Com as mãos cobertas de farinha, divide a massa em 8 porções. Pega numa porção e forma uma bola, puxando os lados para baixo e por baixo da massa, para que a parte de cima fique lisa. Coloca a bola no tabuleiro. Repete com o resto da massa, colocando as bolas bem espaçadas porque ainda vão crescer durante a levedação e a cozedura. Assim que as bolas estiverem dispostas, cobre-as com película aderente untada com azeite, para que fique hermético. Deixa a levedar num lugar quente cerca de uma hora ou até que a massa tenha duplicado de tamanho.

3. Aquece previamente o forno a 200ºC. Assim que as bolas tiverem levedado, retira a película aderente e pincela-as com leite. Salpica-as com sementes de sésamo e de papoila. Coloca o tabuleiro no forno e deixa cozer cerca de 30 a 35 minutos, ou até estarem dourados. Uma vez prontos, retira-os do forno e deixa-os arrefecer.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Soufflé de Emmental e Rúcula

Ainda me lembro da primeira vez que comi queijo emmental. Foram precisas umas férias na Holanda, com muito gouda, para começar a dar uma oportunidade aos queijos típicos de outros países. O primeiro a ter esse privilégio foi mesmo o emmental, num serão passado a fazer o puzzle de 1000 peças (Country road in Provence by night), que trouxemos como lembrança das nossas aflições no país de Van Gogh.

Foram as nossas primeiras férias juntos e se fossem um prenúncio para alguma coisa, elas antecipavam muitos imprevistos e sempre uma maneira de solucionar os problemas. E realmente a nossa vida a dois tem sido um pouco assim. Altos e baixos, mas capazes de ir encontrando um final feliz pelo caminho. Eu a entrar em pânico, o Miguel mais paz e amor. A verdade é que o meu pânico e a paz dele resultam, ajudam a resolver os imprevistos. 

Aconteceram-nos todo o tipo de contratempos. Conseguimos sair em estações de comboio diferentes, sem termos como comunicar um com o outro e o Miguel de bolsos vazios, sem bilhete de comboio, sem dinheiro, sem um documento que o identificasse; Dormimos encharcados até aos ossos, já que choveu no único dia que escolhemos para acampar e o chão da tenda ficou todo ensopado assim que estendemos os sacos-cama; Passámos pelo stress de, numa cidade quase fantasma, sem bilhete de autocarro, sem jantar, sem dormida e com apenas 10€ no bolso, não conseguirmos levantar dinheiro em lado nenhum, por falta de comunicação com o banco.

Felizmente, tal como no emmental, estes buracos estavam rodeados de bom queijo e a verdade é que voltaria a fazer as malas para umas férias como aquelas num piscar de olhos.  

Para 4 a 6 formas (Fine Dining Lovers)
- 100 g de rúcula
- 4 ovos, separadas as claras das gemas
- 150 g de queijo emmental ralado
- 90 g de béchamel
- noz moscada
- sal fino

1. Pré-aquece o forno a 180ºC. Unta as formas com manteiga e pão ralado.

2. Branqueia a rúcula em água a ferver, temperada com sal. Escorre a rúcula e pica-a grosseiramente.

3. Tempera as gemas com uma pitada de sal fino e de noz moscada e bate-as, até começarem a ficar esbranquiçadas. Mistura a rúcula, o queijo emmental e o béchamel. Bate as claras em castelo, com uma pitada de sal, e envolve-as na mistura. Acerta os temperos.

4. Verte a mistura para as formas e leva ao forno, durante 20 a 30 minutos, até o soufflé ficar dourado. Serve, ainda quente, acompanhado de uma salada e azeitonas pretas.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Chocolate Quente

Começou por ser um bom Domingo. Acabou um Domingo perfeito, num fim-de-semana perfeito, alimentado a chocolates! Os ingredientes? Mimos do meu amor, logo pela manhã. Um dia cheio de sol, ansiado há muito tempo. Café e passeio junto à praia, cheia de crianças e cães na areia. Lareira acesa, assim que chegou o fim da tarde. A companhia de um bom livro. E um chocolate quente, a escaldar, acompanhdo de biscoitos. 

A segunda-feira é que já não está a ser tão perfeita assim, com o regresso a casa cinzento e chuvoso...

Para 2 pessoas
- 1/2 l de leite
- 75 g de chocolate Milka leite
- 75 g de chocolate Milka caramelo

Coloca o leite num púcaro e junta os chocolates, partidos em quadrados. Leva ao lume até o chocolate derreter. Serve a fumegar, acompanhado de biscoitos.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Tarte de Acelgas e Cogumelos

Ou a tarte do que estava no frigorífico em vias de se estragar. As acelgas já estavam a começar a murchar, os cogumelos, dizia a etiqueta, já estavam fora do prazo uns dois dias, as natas e o queijo terminavam agora. Como tinha massa, decidi arriscar com uma tarte. Ainda estou viva e de saúde.

Para 1 tarte
- 1 base de massa quebrada
- 1 embalagem de cogumelos frescos
- 1 molho de folhas de acelga
- 1 cebola média, cortada em meias-luas
- 1 pacote de natas
- 3 ovos
- meio queijo de cabra pequeno
- salsa
- azeite
- sal

1. Pré-aquece o forno a 200ºC. Reveste uma forma de tarte com a massa quebrada. Com um garfo pica a massa, para não enfolar. Cobre a massa com papel vegetal e depois com feijões cerâmicos. Leva ao forno, enquanto preparas o recheio da tarte.

2. Numa frigideira anti-aderente aquece o azeite. Refoga a cebola com uma pitada de sal. Quando a cebola começar a ficar mole junta os cogumelos, cortados em quartos e os talos das acelgas, cortados em cubos. Deixa saltear. Quando os cogumelos estiverem cozinhados junta as folhas de acelga, cortadas em juliana. Envolve bem e polvilha com a salsa picada.

3. Retira a massa do forno. Retira os feijões cerâmicos e o papel vegetal. Cobre a massa com o recheio. Esfarela o queijo de cabra por cima do recheio. (Se não gostares do sabor intenso do queijo de cabra cozinhado podes substituir por outro queijo. Também podes usar queijo ralado.) Reserva.

4. Bate os ovos, com uma pitada de sal. Adiciona as natas e bate bem. Verte o líquido por cima da tarte e leva ao forno durante 20 minutos, ou até o recheio estar dourado.

5. Serve ainda a fumegar, acompanhada de legumes salteados ou uma salada.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Salmão Confitado com Batatas Assadas e Funcho

Este ano vai ser um ano para cozinhar ingredientes que raramente são a nossa, ou a minha, primeira escolha. Aquele tipo de ingredientes que normalmente torcemos o nariz. E os primeiros a serem experimentados foram o salmão e o funcho. Nenhum de nós é fã de salmão cozinhado, nem de funcho. Na nossa lua-de-mel, na maravilhosa Itália, tivemos oportunidade de experimentar salada de funcho e não ficámos muito interessados. Em vez de cru, tentámos uma aproximação diferente ao funcho e fizemos uma escolha segura ao assá-lo com batatas novas. O salmão confitado, apesar de cozinhado, aproxima-se muito do salmão cru, que ADORAMOS! Um prato para repetir mais vezes.

Para 2 pessoas
Salmão confitado
- 2 lombos de salmão, sem pele e sem espinhas
- 1 c. de chá de açúcar
- 1 c. de chá de sal
- 1 c. de chá de raspa de limão
- 2 hastes de tomilho
- 1 c. de chá rama de funcho
- 500 ml de azeite
Batatas assadas e funcho
- 8 batatas novas com pele
- 2 bolbos pequenos de funcho
- 2 dentes de alho
- 1 c. de chá de raspa de limão
- 2 c. de sopa de azeite
- pitada de sal

1. Começa por preparar o salmão. Mistura o açúcar, o sal e a raspa de limão. Esfrega esta mistura nos lombos de salmão e deixa curar durante 1 hora no frigorífico.

2. Se as batatas forem grandes corta-as ao meio ou em quartos. Numa taça, que possa ir ao forno, junta as batatas e os dentes de alho, esmagados e com a casca. Mistura a raspa de limão, o azeite e o sal. Cobre bem as batatas e o alho com os temperos. Leva a forno pré-aquecido a 180ºC, durante 30 a 40 minutos.

3. Corta os bolbos de funcho em tiras finas ou em quartos, conforme o teu gosto. A meio do tempo de cozedura das batatas,  adiciona-lhes o funcho e começa a confitar o salmão.

4. Num tacho ou numa frigideira anti-aderente aquece o azeite, com o tomilho e o funcho, até aos 65ºC. Retira o sal dos lombos do salmão e coloca-os a confitar no azeite durante 15 minutos. Retira do lume e mantém-os no azeite até à hora de servires.

5. Com a ajuda de uma espátula retira, com muito cuidado, os lombos de salmão do azeite. Acompanha com as batatas assadas e funcho.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Creme de Iogurte Grego e Mascarpone

Era para ser um pequeno-almoço elegante. Pan perdu de pão de passas e frutos secos, acompanhado de creme branco e calda de dióspiros. Era, mas não foi. Ou foi, mas não como planeado. As línguas de dióspiro desfizeram-se por completo e pareciam papa de bebé. Olhando para elas ninguém lhes percebia a vivacidade apresentada minutos antes. O pan perdu não ficou mal, nem ficou bem. Talvez tirando a côdea resulte melhor. Já o creme de iogurte grego e mascarpone ficou de bradar aos céus. Hum... estava perfeito! Perfeito, mas mal acompanhado... Quase como um vestido deslumbrante na passadeira vermelha, que é completamente arruinado pela má escolha de acessórios. Tinha de lhe arranjar os acessórios certos. Dar-lhe o destaque que merecia. E, como tantas vezes menos é mais, acompanhei o creme com uma salada de fruta simples e uns palitos de champanhe. Se fores amante de café, também podes acrescentar uma chávena de café bem forte, para começares o dia com os olhos bem abertos.

- 80 g de iogurte grego
- 80 g de mascarpone
- 80 g de natas
- 20 g de açúcar baunilhado

Numa taça junta todos os ingredientes. Bate até o creme começar a engrossar e a formar picos suaves. Conserva no frigorífico até à hora de servires. Acompanha com uma salada de fruta, à tua escolha, biscoitos e uma pinga de café.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Creme de Requeijão com Pêra e Presunto

O fim-de-semana das festas de São Gonçalinho aproximava-se e eu estava a ver que o "menino" se tinha esquecido de mim. Começava a achar que tinha de esperar pelas festas de 2015 para poder subir à cúpula da capela e cumprir a promessa feita no ano passado. Mas não, na véspera de começar a grande festa de Aveiro, o santo lá correspondeu com a sua parte do acordo.

Levantados os 5 kg de cavacas, encomendados à Mordomia de São Gonçalinho, lá fui com as minhas irmãs e o Miguel para a fila, que dava a volta à capela. Depois de uma hora de espera, subimos as estreitas escadas de pedra, e mandámos, pela primeira vez, as cavacas cá para baixo. Dizem que não podes dizer que és genuinamente aveirense enquanto não subires lá acima. Assim, este sábado, tornei-me uma aveirense genuína, mesmo sendo uma aveirense de gema. Nascida e criada.

A hora de espera deu para aprender umas coisas novas sobre as tradições da festa. Não fazia ideia que se te cair uma cavaca na cabeça, isso quer dizer que te casas nesse ano. Faz todo o sentido, já que o santo é conhecido por ser casamenteiro. Não sei se ao requeijão, às pêras e ao presunto caiu alguma cavaca em cima, mas sei que eles casam lindamente nesta entrada. Meia doce, meia salgada.

Para 4 pessoas (inspirado em Delicious Tapas)
- 1 embalagem de requeijão
- 1 c. de sopa de leite ou natas
- sal fino q.b.
- 1 + 2 c. de sopa de mel
- 6 pêras pequenas (ou 4 grandes), descascadas e cortadas em quartos
- 6 hastes de poejo fresco
- 4 fatias de presunto

1. Põe o requeijão numa taça e bate, juntamente com o leite ou as natas, até estar cremoso. Tempera com sal fino e adiciona uma colher de sopa de mel. Bate mais um pouco.

2. Numa frigideira antiaderente, junta o restante mel, as pêras e o poejo. Cozinha durante 10 minutos, até as pêras começarem a ficar tenras.

3. Distribui o creme de requeijão por quatro pratos, com um quarto das pêras e o presunto. Rega tudo com o líquido da cozedura das pêras e decora com mais poejo. Serve quente, acompanhado com tostas.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Bolo de Iogurte Grego e Limão com Mirtilos

Foram doces as vossas entradas em 2014? As nossas foram. Cheias de resoluções que esperamos conseguir cumprir. Uma delas é mesmo aprender a dançar à chuva... Aprender a ver coisas boas no menos bom que surge no nosso dia-a-dia. Em geral somos muito negativos e um bocado por isso o blog esteve mais parado este ano. A cozinha é um espaço emotivo e quando as nossas emoções não são boas os pratos também não. O que nos leva a outra resolução: cozinhar com o coração, só assim é possível confeccionar receitas saborosas. E para começar o ano decidi-me por um bolo, a minha praia, que é ao mesmo tempo doce e amargo. Um bocado como a vida...

Para 8 a 10 pessoas
- 1 copo de iogurte grego
- 1 copo de óleo
- 2 copos de açúcar baunilhado
- 2 ovos
- 2 copos de farinha
- sumo e casca de 2 limões
- 1 copo de mirtilos congelados

1. Pré-aquece o forno a 180ºC. Unta uma forma redonda de buraco com manteiga e farinha.

2. Numa taça junta o iogurte grego, o açúcar, o óleo e os ovos inteiros. Bate tudo muito bem, até a mistura começar a ficar esbranquiçada. Junta a farinha e mistura. Acrescenta os mirtilos e envolve-os bem na massa com o Salazar. Verte a massa para a forma.

3. Leva ao forno até o bolo estar cozido e sair um palito limpo, entre 30 e 45 minutos.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Bolachas com Sementes de Papoila e Doce

Em poucas alturas o nosso nome se torna tão especial como quando amassado na voz de uma criança... É um nome que nos derrete! Então quando é dito pela primeira vez até nos pára o coração. Aconteceu esta semana, quando a minha sobrinha disse tia Sala, virada para uma foto minha, tendo-se saído muito melhor do que a mãe dela, que durante muito tempo o melhor que conseguia era Cáca (irmã mais velha sofre muito, mas depois elas pagam tudo!). O J.G., dos primeiros putos desta geração a dizer o meu nome, dizia-o quase como se fosse um conhecido pastel frito indiano, era a Shauça. A R. diz Shára com uma ternura, que só apetece apertar-lhe as bochechas. "Shára, ajjuda!", "Shára, não vamos pa casa, vamos às compras...", "Shára, quero fazher bolachas.". E pronto, a Shára lá fez as bolachas com as duas pestinhas e digo-vos que são uns bolacheiros de mão-cheia. Também têm futuro como provadores, já que a massa crua passou pelo crivo dos dois. A técnica de manuseamento da farinha é que tem de ser melhorada, mas isso é uma técnica que demora tempo a controlar e é apenas dominada por grandes chefs.
Para 30 a 35 bolachas
- 1 chávena (de chá) de manteiga, à temperatura ambiente
- 1 chávena de açúcar baunilhado
- 1 ovo
- 2 chávenas (bem cheias) de farinha
- 2 c. de sopa de sementes de papoila
- 1 frasco de doce de abóbora (ou outro doce qualquer)
- 30 a 35 avelãs, sem pele
 
1. Pré-aquece o forno a 180ºC.
 
2. Numa taça coloca a manteiga e o açúcar. Com as mãos amassa a manteiga até o açúcar estar "dissolvido". Adiciona o ovo e continua a amassar com as mãos, até o ovo estar completamente envolvido na massa. Junta primeiro as sementes de papoila, misturando bem e, por fim, a farinha. Amassa tudo muito bem e tem atenção à massa que vai começar a "voar" das mãos dos mini-chefs. No final, já com as mãos livres de massa, dá uma mexidela com uma colher de pau.
 
3. Faz pequenas bolas com a massa e coloca-as num tabuleiro de ir ao forno, forrado com papel vegetal. Espalma a bola ligeiramente e, com a ponta do polegar, "abre" um pequeno buraco no meio da bolacha. Enche o buraco com uma colher de chá de doce de abóbora e uma avelã. Polvilha com mais sementes de papoila (sugestão do mini-chef J.G.). Leva ao forno durante 15 minutos ou até as bolachas estarem douradas. Deixa arrefecer ligeiramente e serve com um pacote de leite achocolatado ou então come, só porque sim...

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Cenoura e Pastinaga Assada

Pastinaga, espécie de cenoura. De casca bege e sabor mais parecido ao da batata. Mas se é uma espécie de cenoura vai bem com cenoura, com certeza. Trouxe-as do nosso fim-de-semana no Algarve e a ideia era fazer um puré. Quando chegou à altura de as fazer apetecia-me algo rústico para acompanhar uma costeleta do cachaço e por isso escolhi assá-las. Para obter uma maior caramelização acrescentei duas colheres de mel, pouco antes de estarem prontas, só que é completamente desnecessário. As cenouras e os alhos assados já dão doçura mais do que suficiente ao prato. Uma salada de Outono, para voltar a repetir nestes dias chuvosos.
 
Para 2 pessoas
- 3 pastinagas médias
- 3 cenouras médias
- 4 dentes de alho, por descascar
- salva seca (se tiveres fresca tanto melhor)
- azeite
- sal
 
Descasca as pastinagas e as cenouras. Corta-as em quartos e distribui-as num tabuleiro de ir ao forno. Junta os dentes de alho, com casca e esmagados, as folhas de salva, grosseiramente desfeitas. Rega tudo com um fio de azeite e tempera com uma pitada de sal. Com as mãos envolve bem os legumes no azeite. Leva ao forno, pré-aquecido a 200ºC, durante 20 a 30 minutos. A meio do tempo dá uma viradela aos legumes. Serve como acompanhamento de carne ou peixe grelhado.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Padaria 5 Bicas

Sr. João, João e Joana representam duas gerações na Padaria 5 Bicas, a melhor padaria da cidade! Em 2010 o Sr. João assumiu o comando a tempo inteiro e começou uma nova história nesta padaria de bairro, onde se conhecem os clientes pelo tipo e quantidade de pão que levam todos os dias. As dez pessoas que lá trabalham transformam farinha e água em pão de qualidade. Daquele tipo de pão guloso que se come de uma assentada, sozinho ou com manteiga, só porque está a saber bem. Com essa mudança veio mais variedade de produtos, cestos de pão mais bonitos e vitrinas mais recheadas. Colocando amor e esforço no que fazem, as coisas vão fermentando bem. Tudo cozido em forno de lenha, vendido com o sorriso da Joana e o cuidado da Dª. Alice, já sem ser preciso dizer o que queremos: 6 pães branquinhos, em saco de plástico.
Há quantos anos a padaria 5 Bicas abriu as suas portas?
Quando tivemos que pedir o licenciamento andámos a ver isso e o registo mais antigo que encontrámos foi de 1857. Muitos anos, mais de cento e cinquenta!
Como tem sido a sua história?
Tem sido uma padaria passada de geração em geração, até à altura em que a comprei ao Sr. Rodrigo, em 1986. Os meus avós eram padeiros na Rua das Salineiras, e entretanto eu comprei esta padaria. Para alguns clientes mais antigos ainda é a padaria do Sr. Rodrigo e agora tenho os meus filhos a trabalhar comigo.
Ainda se lembra como foi o seu primeiro dia de trabalho aqui na padaria?
Sim, fui-me inteirando das coisas e do que era preciso na altura. Saber a farinha, o sal, a lenha… O Sr. Rodrigo, que foi quem me passou a padaria, explicou-me as coisas e foi-me dando umas indicações.
Vê o trabalho na padaria como uma herança familiar ou sente-se inspirado por ele?
Os meus avós eram padeiros, os meus pais eram padeiros e eu, por necessidade e para me ir inteirando do ramo, fui começando a trabalhar na padaria. Depois comecei a tomar gosto e segui isto. Dou-me feliz por ter uma situação em que posso trabalhar, tendo em conta que hoje há tanta gente sem trabalho.
Como é trabalhar com os seus filhos?
A coisa mais difícil da padaria… (risos) É bom, eles são responsáveis, são bons e foram aprendendo por eles. Tem sido muito bom.
O que distingue a padaria 5 Bicas das outras padarias da cidade?
Penso que o que distingue é a qualidade do pão. Hoje em dia é tudo muito comercial, faz-se o pão com gorduras, com canela… Nós procuramos fazer o pão à moda tradicional. As pessoas que aqui trabalham também. A Joana é simpática e isso ajuda a cativar os clientes. Temos um rapaz de São Tomé e Príncipe que é competente, honesto e trabalhador, que merece ser ajudado. Mas também temos aqui pessoas que podiam fazer melhor… E temos ainda o forno, que sendo de lenha também ajuda à qualidade do pão, dá-lhe um sabor mais característico.
Qual é o produto que mais lhe aquece o coração quando vê sair do forno?
Gosto de ver o pão d’avó. Porque é um pão escuro, de mistura, mais saudável. É, gosto dos pães escuros…
Lembro-me em miúda vir aqui aos éclairs de chocolate, às escondidas da minha avó e da tristeza que foi, um dia, descobrir que tinham “desaparecido”. Para quando o seu regresso à padaria?
Não sei, ver se até ao fim do ano conseguimos.
A que cheira a sua infância?
Aos sabores genuínos, ir à Ponte Praça e cheirar a maresia. O cheiro das árvores era diferente. Agora os carros com a gasolina já não deixam que os cheiros se entranhem… No Poço de Santiago o cheiro a água salgada. Antigamente quando se ia ver os jogos do Beira-Mar sentiam-se os cheiros do parque, era muito bom. A poluição agora já não deixa que o cheiro da natureza entre por nós adentro. O progresso é muito destrutivo…
Como vê o futuro da padaria 5 Bicas?
Procurar conservar uma padaria típica, para não sermos apenas mais uma. Hoje a vida é mais comercial, com menos qualidade… Queremos uma padaria com qualidade para podermos ser uma referência na cidade, diferente das outras. Mas não ser diferente apenas por ser diferente, queremos manter a padaria tradicional para podermos ser consagrados.